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Transporte Aquaviário

Mulheres estão cada vez mais atuantes nos modais de transportes

No terminal de contêineres do Porto de Salvador trabalham 86 mulheres

08/03/2020 07h05

Foto: Modais em Foco

As mulheres estão a cada dia assumindo novos desafios, principalmente na área profissional. No segmento de modais, a primeira ideia que se passa é de homens trabalhando nos transportes aquaviário, aéreo e terrestre. Mas, o tempo já revela algumas histórias que contradizem este pensamento. Em 1910, Raymonde de Laroche conseguiu sua licença de piloto de avião, concedida pelo Aeroclube da França, e, oficialmente, tornou-se a primeira aviadora em todo o mundo. Em 1913, ela ganhou a Femina Cup com um voo de quatro horas e no ano de 1919, estabeleceu o recorde de altitude para mulheres em um voo que chegou a 4.785 metros. Ela morreu nessa função, em 18 de julho de 1919, no aeroporto de Le Crotoy, no norte da França.

Já no transporte aquaviário, a percursora é Daisy Lima da Silva, a primeira comandante feminina da Aliança Navegação e Logística e a primeira brasileira a comandar um navio porta-contêineres. O percurso até o cargo, no entanto, não foi fácil. A comandante conta que sentia diferença na forma como ela e os seus colegas homens eram tratados. Atualmente, Daisy comanda uma equipe predominantemente masculina. Mesmo assim não sente mais preconceitos. A comandante é responsável por orientar a navegação, seguir a legislação de onde navega, desenhar estratégias para a organização e percurso da carga, e, principalmente, administrar sua equipe.

No Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, no Maranhão, Ana Teresa Silva foi a primeira mulher do país, talvez do mundo, a transportar um trem com 206 vagões com uma carga de 23 mil toneladas de minério de ferro. Neste universo masculino ela conquistou o respeito, não pela força física, mas pela sua competência e jamais esquecendo o ritual de vaidade. A maquinista, que passa o dia num calorento pátio de manobras, não sai de casa sem passar batom, delinear os olhos e se banhar de perfume.

Neiva Chaves Zelaya, conhecida como Tia Neiva, entrou para o RankBrasil pelo recorde de primeira mulher do país a ser caminhoneira de profissão. A recordista nasceu em 30 de outubro de 1925, na cidade de Propriá, Sergipe. No início dos anos 50, viúva e com quatro filhos, Neiva comprou um caminhão, tirou habilitação profissional – a primeira concedida a uma mulher no Brasil – e começou a transportar cargas por todo o país. Em 1957, ela se fixou em Goiânia (GO) e passou a dirigir ônibus, além de ser repórter de um jornal. No mesmo ano, ela enxergou na construção de Brasília uma nova oportunidade, se mudou com a família para o Núcleo Bandeirante e voltou a trabalhar mais uma vez com caminhões. A recordista morreu em 15 de novembro de 1985, em Brasília, aos 60 anos. http://www.rankbrasil.com.br/Midia/_Imgs/Teclas/d.gif

A primeira trabalhadora avulsa portuária (TPA) do Brasil, como estivadora, é Ivete Costa Alves dos Santos. Ela começou a trabalhar nesta área em 2004, no Porto de salvador, e hoje é recém formada como guincheira, o que considera outro grande desafio na sua vida.

Os gritos e posturas extremamente machistas dos TPAs não intimidaram Nadja Gonzaga da Silva, que em 1999 começou a trabalhar no Órgão Gestor de Mão de Obra dos Portos de Salvador e Aratu-Candeias. Nessa época, a presidente, a diretora operacional e a assistente social também eram mulheres: Sandra Gobetti Correia, Itamar Trindade Valadares e Rita Sadoc, respectivamente.

“Tive que enfrentar o desafio de administrar os quase mil TPAs que trabalhavam em escala. Cheio de preconceitos, eles não aceitavam uma mulher nesse ambiente masculino”, salienta Nadja. Mas, com respeito e competência, ela se destacou, conquistou admiração de todos e hoje é supervisora do setor operacional do Ogmosa.

Daniela Pinheiro ressalta as inúmeras vezes que chorou por causa das intimidações e preconceitos dos homens. Ela começou em 2000, no setor operacional do Ogmosa, sendo responsável pelos pagamentos dos TPA. “Foi um desafio grande lidar com um ambiente onde os homens eram a maioria, mas também, assim como outras, nos destacamos com respeito e competência”, disse. Ela lembra que até em Brasília, quando participava de reuniões com vários executivos, teve que impor respeito e superar os assédios moral e sexual. “Atualmente, estou como gerente operacional, a primeira do Brasil, mas temos muitas mulheres no âmbito portuário e muitas delas hoje grandes executivas e gestor. O preconceito diminuiu consideravelmente e os trabalhadores, em sua grande maioria, são muito solícitos, protetores e parceiros”.

Outro exemplo que chama a atenção no meio portuário baiano é o de Jamile Carolina Dantas Caminha Ribeiro, técnica em segurança do trabalho. No cais do porto, ela trabalha nos navios, orienta, fiscaliza os trabalhadores. No passado, as empresas não contratavam mulheres para lidar com os homens, na área de segurança.

Na área dos equipamentos modernos

No Tecon Salvador, empresa responsável pelo terminal de contêineres do Porto de Salvador, onde existem os equipamentos mais modernos do setor portuário, trabalham 86 mulheres. Destas, 23 estão na área de operação, exercendo funções altamente tecnológicas, tais como operadoras de trator de pátio, de RPG, assistente de operações portuárias reeffer, controladora de gate, de armazenagem, auxiliar de manutenção.

No universo feminino portuário baiano há Mônica Rebello de Aguiar Tapioca, operadora de RTG, equipamento utilizado para a movimentação de contêineres e cargas suspensas no terminal, conforme a distribuição das atividades. Através de sistemas específicos, o operador de RTG é responsável por manusear o equipamento e posicionar os contêineres nas filas, nos tratores de pátio ou nas carretas, visando a todo o processo de movimentação de cargas no terminal. Para exercer o cargo, é necessário ter precisão e concentração na execução das manobras.

Mônica começou a trabalhar no Tecon em 2011, como operadora de trator de pátio, dirigindo caminhão, e, hoje, com a promoção na carreira, opera uma RTG. “É um trabalho que faço com muito orgulho, amor e dedicação”, ressalta Mônica. E, no Dia Internacional da Mulher, passa uma mensagem: “Corram atrás dos seus objetivos, sonhos e não se intimidem em assumir novos desafios e oportunidades. Nós temos capacidade para trabalhar no que quisermos”.