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Estudo realizado pelo Esalq-Log, o Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da conceituada Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, acaba de mensurar as melhores condições competitivas para escoamento da safra de grãos do Mato Grosso, estado que detém a liderança do agronegócio no país.

Na atualidade, considerado o custo do frete, os portos de Santos e Paranaguá ficam com 24% da produção; os portos de Itaqui (MA), Barcarena (PA), Santarém (PA) e Itacoatiara (AM), no chamado Arco Norte, atraem outros 19%. Para nada menos que 57% da produção, localizada no centro do Estado, é o custo do frete, avaliado semanalmente, que define qual o porto mais vantajoso. Ou seja, a melhor alternativa ainda não está disponível.

Coincidentemente, as conclusões do estudo foram divulgadas pouco dias depois que, em Ilhéus (BA), na retomada das obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), o presidente da República confirmou que esta ferrovia se encontrará com a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (FICO), em Mara Rosa (GO), uma forte reivindicação da Bahia e de Goiás.

A relação deste fato com o estudo do Esalq-Log está em que o engate da FICO com a FIOL começa a desenhar um novo corredor logístico nacional, de fundamental e estratégica importância para o país, ao promover desconcentração econômica, reduzir custos de transporte e abrir novas perspectivas de desenvolvimento para o Leste e o Centro-Oeste brasileiros.

Entre o sobrecarregado porto de Santos e o Arco Norte, o Mato Grosso passará a contar, em horizonte de tempo previsível, com uma terceira e mais adequada opção para o escoamento de suas safras – o Corredor Centro-Leste, em direção ao Porto Sul, em Ilhéus, e às excelentes condições portuárias da Baía de Todos os Santos.

À capacidade de escoamento de 20 milhões t/ano previstas para o Porto Sul somam-se, na Baía de Todos os Santos, a oferta do Terminal Portuário Cotegipe (10 milhões de t/ano), da CS Portos, no porto de Aratu-Candeias (5,6 milhões de t/ano), além do Estaleiro Enseada do Paraguaçu, também um TUP, que busca desenvolver capacidade para operar com grãos.

Quanto ao estágio atual das ferrovias, a FIOL tem o seu trecho I – Ilhéus-Caetité (BA), concedido à Bamin, com início de operação em 2027, a FIOL II – Caetité-Barreiras (BA) e a FICO I – Mara Rosa (GO)-Água Boa (MT) em execução, e a FICO II – Água Boa-Lucas do Rio Verde (MT), autorizada à VLI. Uma única concessão deverá abranger os trechos II e III da FIOL em conjunto com a FICO I, concretizando o sonho da conexão entre as duas ferrovias.

Não se trata, pois, de uma quimera, mas de uma realidade concreta que se apresenta como alternativa para o agronegócio do Mato Grosso. E mais: a futura implantação da FICO III, até Vilhena (RO), abre caminho para a ligação ferroviária com o porto de Bayovar, no Peru, configurando a Ferrovia Transulamericana, antiga proposta do Engº Vasco Neto, criando alternativa para o escoamento das safras matogrossenses pelos dois oceanos – o Atlântico e o Pacífico. 

É inaceitável que um país, com a dimensão continental do Brasil e com sua extensão litorânea, continue, nos tempos atuais, refém e dependente de um único complexo portuário – o de Santos, monopólio só muito recentemente quebrado pela importância que vem ganhando o Arco Norte, centrado no Maranhão, inicialmente pela condição natural de portão de saída do ferro de Carajás e, mais recentemente, pela crescente participação na exportação de grãos.

Opção certa para o Mato Grosso, alternativa para o país, a formação do novo Corredor Centro-Leste constitui projeto de estratégico interesse nacional, que precisa estar incluído no PAC 3, ligando Ilhéus (BA) a Lucas do Rio Verde (MT), não apenas para criar a melhor opção de escoamento dos grãos do Mato Grosso, mas também, e sobretudo, como primeira etapa da futura Ferrovia Transulamericana.

Waldeck Ornélas é especialista em planejamento urbano-regional. Autor de “Cidades e Municípios: gestão e planejamento”.

Publicado em BE NEWS

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