03/12/2025 11h01
Foto: Divulgação
O Tesouro Nacional negou o aval para o empréstimo de R$ 20 bilhões para salvar os Correios de uma crise financeira que coloca em xeque a liquidez da empresa estatal.
Em nota, os Correios informaram que o Tesouro não aceitou os juros cobrados por Banco do Brasil, Citibank, BTG Pactual, ABC Brasil e Safra por estar acima do limite definido para operações com garantia da União. Segundo o Estadão, os bancos pediram uma remuneração de 136% do CDI, acima do limite de 120% definido pelo governo.
“A Diretoria Executiva dos Correios segue trabalhando, em conjunto com os ministérios, na avaliação de alternativas que reforcem a liquidez imediata da empresa, assegurando o andamento das iniciativas necessárias para a recuperação financeira da estatal”, diz a nota dos Correios.
O teto é definido pelo Comitê de Garantias do Tesouro, que avalia os juros para entes subnacionais (Estados e municípios). Esse mesmo teto será usado agora para uma empresa estatal. Para o caso dos Correios, há limite de 120% do CDI para empréstimos que não podem ser securitizados (a dívida ser revendida) e com prazos maiores do que 10 anos.
Com a Selic a 15%, um empréstimo de 120% do CDI teria taxa de juros de 18% ao ano. Ao pedirem 136% do CDI, na prática, os bancos pediram uma remuneração de 20,4% ao ano para emprestar os R$ 20 bilhões aos correios.
No entendimento do Tesouro, os juros cobrados foram muito elevados para uma operação que tem garantias da União, o que foi visto como uma espécie de “abuso” por parte dos bancos.
A crise dos Correios
De janeiro a setembro deste ano, os correios acumularam um prejuízo de R$ 6,05 bilhões, resultado da queda de receitas e aumento de despesas. Com o empréstimo, a empresa pretende quitar uma dívida de R$ 1,8 bilhão, pagar fornecedores em atraso, além de financiar um programa de desligamento voluntário (PDV) e fazer investimentos para tentar recuperar espaço no mercado de encomendas e elaborar novas fontes de receitas.
A crise dos Correios provocou a queda de Fabiano Silva da presidência da estatal. Pressionado, ele pediu demissão em julho deste ano. Ele atribuiu o prejuízo da empresa à taxação de compras internacionais, a chamada “taxa das blusinhas”.
O atual presidente Emmanoel Schmidt Rondon foi escolhido para assumir os Correios apenas em setembro deste ano. Ele é funcionário de carreira do Banco do Brasil e é ligado ao setor financeiro.
Fonte: Estadão Conteúdo