29/07/2025 10h39
Foto: Divulgação
Os galpões logísticos atingiram recorde de ocupação no 2º trimestre de 2025, aponta levantamento realizado pela consultoria imobiliária Binswanger Brazil. A vacância alcançou seu menor patamar, de 7,7%, entre abril e junho, ante 7,9% no primeiro trimestre.
O crescimento do setor ocorre de forma acelerada desde pelo menos 2020, quando a pandemia da covid-19 motivou um fortalecimento do e-commerce que perdura desde então, ainda que com menor força. Entre as empresas que mais ocupam estes espaços, as quatro primeiras atuam com comércio digital.
“A velocidade de entrega hoje está sendo um fator muito importante para o consumidor escolher comprar entre o site A ou o site B. Então, a maneira como as empresas têm de aumentar essa velocidade é ter essa proximidade física com os consumidores”, analisa James Theodoro, presidente da Korsa Riscos & Seguros com longa experiência no mercado logístico.
“Já se fala entregar em 1 hora ou 2 horas. Imagina você comprar um produto e, duas horas depois, a campainha da sua porta está tocando com a entrega? Isso é maravilhoso, né? Só que para a empresa conseguir fazer essa entrega, a logística é fundamental e a logística de armazenagem é mais fundamental ainda”, segue Theodoro.
15 maiores ocupantes de galpões logísticos
O Mercado Livre ocupa a liderança desde pelo menos 2015, quando o ranking passou a ser elaborado. “Dificilmente vai ser ultrapassado, pelo menos aí nesse horizonte próximo”, afirma a sócia-diretora da Binswanger, Simone Santos.
No segundo trimestre, o Mercado Livre fez a segunda maior locação (105.533 metros quadrados), atrás apenas da empresa de pneus Bridgestone do Brasil que fez um grande contrato com 116.496 m² após devolver outro ponto de 43.030 m².
O crescimento da Shopee, no entanto, impressiona. A empresa desembarcou no Brasil em 2019 e já alcançou a segunda posição. No trimestre, ela locou 74.409 m².
Na contramão, a B2W Digital, responsável pela marca Americanas, encolheu nos últimos anos e deve diminuir mais, segundo Santos. “Por questões que todos já sabem: eles enxugaram e continuam enxugando”, diz.
Mercado aquecido
A ocupação recorde está longe de simbolizar uma saturação do mercado, segundo os especialistas consultados. “O Brasil é uma criança que está começando a andar no e-commerce. Então, só pelo e-commerce, a gente tem uma projeção gigantesca de crescimento”, diz Santos.
O aquecimento do mercado transparece no fenômeno da “pré-locação”: empresas que alugam galpões ainda na planta para montar seus negócios. Dos 4,2 mil m² em construção até 2026, cerca de 26% já está pré-locado.
“No fechamento do 2º trimestre, dos quase 1 milhão de metros quadrados entregues no mercado, um número bastante expressivo já estava pré-locado: 43% desse estoque”, segue Santos. “A gente vê uma vacância tão baixa e essas pré-locações acontecendo porque a velocidade da demanda está maior que a velocidade de entrega.”
A lenta velocidade de oferta advém das dificuldades enfrentadas pelos desenvolvedores com o alto patamar atual dos juros. A Selic encontra-se em 15%, seu maior patamar desde 2006. Fica mais caro para financiar e assim viabilizar projetos de grande porte.
“O grande desafio hoje é fazer com que os desenvolvedores construam mais empreendimentos para suprir essa demanda”, completa Santos. O valor dos aluguéis fica assim ainda mais pressionado, atingindo já R$ 27,70/m², seu maior preço histórico, e deve subir ainda mais.
Fonte: IstoÉ Dinheiro