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Editorial

O peso do voto consciente

É preciso garantir o exercício da cidadania na sua plenitude e, por consequência, da verdadeira democracia

09/11/2020 17h00

Quando está se aproximando o dia de mais uma eleição no Brasil, desta feita para prefeitos e Câmaras Municipais, torna-se evidente que a questão primordial não é quem será eleito, porém, mas como terão conquistado seus votos aqueles que saírem das urnas vitoriosos. Isto porque um regime só é democrático em sua essência se os eleitores tiverem consciência dos motivos que os levaram a escolher este ou aquele nome, esta ou aquela legenda.

Somente o voto consciente é capaz de garantir o exercício da cidadania na sua plenitude e, por consequência, da verdadeira democracia. Por meio do voto é que os cidadãos têm a oportunidade de estar realmente representado nas diversas esferas do poder. Quando o eleitor deixa-se levar por qualquer outra motivação que não seja o desejo de se ver representado dignamente e de ter alguém que ele sabe ser capaz de lutar pelos seus direitos, ele corre o risco de ser apenas massa de manobra, um peão que pode ser movido para qualquer lugar do complexo tabuleiro de xadrez que é a sociedade.

A manipulação de votos, seja pela propaganda enganosa, seja pela compra ou troca de favores é um grave problema não apenas para aquele que perdeu a chance de se fazer representar, mas para toda a sociedade, uma vez que estarão no poder, ditando as regras que influenciarão a vida de todos,  pessoas que não têm o menor compromisso com o bem estar social, mas apenas com seus próprios interesses ou do seu grupo político.

A manipulação de votos, infelizmente, faz parte da história do Brasil desde tempos imemoriais, quando os chamados “coronéis” determinavam às pessoas mais humildes em que elas deveriam votar, às vezes sem o direito sequer de saber em quem estariam votando. Com o estabelecimento do voto secreto, a prática mudou, porém continua presente, através da compra pura e simples, da troca do voto por materiais de construção ou outros itens de primeira necessidade. Mesmo que, a uma altura dessas, qualquer cidadão saiba que a compra e troca de votos são práticas ilegais e imorais, inclusive punidas com rigor pela legislação, ainda são inúmeros os casos em que candidatos inescrupulosos as utilizam aproveitando-se da pobreza e, principalmente, da falta de consciência do eleitor.

Outra forma de manipular a vontade do eleitorado é instigar o ódio contra os adversários, hoje prática muito comum por meio das tão tristemente famosas notícias falsas (as fake news), distorcendo fatos ou criando mentiras que são velozmente propagadas por meio dos meios de comunicação digital (as redes sociais, principalmente). Somente com a informação correta (e hoje está cada vez mais fácil conferir se uma notícia é verdadeira ou falsa), o eleitor poderá ter real condição de decidir em que irá depositar a sua confiança, por meio do voto.

O cidadão precisa saber fugir de tais armadilhas, pois se vende ou troca seu voto corre o risco de ficar sem representação política e não terá a quem recorrer para defender seus direitos, até porque quem vende o voto já recebe o pagamento e não tem mais o que cobrar. E quem vota movido pelo ódio, fundado especialmente em informações falsas ou incorretas, perde a chance de empoderar pessoas que ajudarão a construir uma sociedade melhor, com educação, saúde e segurança pública de qualidade. Porque, e isto é sabido desde sempre o ódio nada constrói.

Portanto, vote consciente, informe-se sobre as propostas e sobre a história de vida daquele em que irá votar, para não se arrepender amargamente depois da apuração das urnas.