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Artigo

O Carnaval da Bahia

Adary Oliveira

09/02/2024 06h05

Foto: Secom PMS

O Carnaval dos foliões dos bailes de clubes que perguntavam para a jardineira por que ela estava tão triste e cantavam o Pierrot apaixonado, foi para as ruas. Primeiro atraído pelas batucadas e mascarados, depois puxados pelo incrível trio de Dodô e Osmar com a sua “maravilha ô maravilhá, a gente sente sede e pede logo um guaraná... “, pela beleza de marchinhas como “Colombina eu te amei” de Armando Sá, com a turma do Barão da Barra e do Bloco do Jacu, animados com as cantigas de Waltinho Queiroz cantarolando “Este ano quero te ver de novo, no meio da rua, no meio do povo, mortalha enxarcada até de cerveja até o pé e a boca lambuzada de acarajé”.

O trio elétrico foi um dos inventos mais misteriosos para arraste de multidões. Oficialmente já são mais de 100, cada um deles criando empregos temporários de motoristas, mecânicos, eletricistas, técnicos de som e de eletrônica, seguranças, projetistas, colaboradores de apoio e dezenas de cordeiros. Antes de saírem às ruas empregam profissionais na organização, preparação da festa, venda de indumentárias, sem falar dos componentes das bandas e dos artistas da música. A cada ano os trios elétricos revelam profissionais do som, principalmente compositores e cantores que ganham fama e ajudam a divulgar por todo o Brasil e pelo exterior o carnaval da Bahia.

A presença nas ruas dos blocos afro com animadíssima e inconfundível batida percussiva, fantasia multicoloridas, coreografias de encher os olhos e orgulho de pertencer, expressos nas faces dos componentes dos blocos, contribuem para a beleza ímpar da celebração que está sendo considerada a maior festa de rua do planeta. Além disso, a produção de eventos, a venda de ingressos para camarotes e shows, a comercialização de produtos temáticos e a prestação de serviços de segurança e infraestrutura, contribuem para a movimentação econômica intensa durante o período carnavalesco.

A importância do Carnaval da Bahia não se restringe apenas a realização da festa e da sua importância cultural e histórica. Há por trás dele uma influência crescente na economia local e regional, pelo número de ocupações criadas e da mobilização para abrigar uma festa de mais de dois milhões de felizes foliões, vindos de toda parte. Além do mais ocupam hotéis, frequentam restaurantes, vão às praias, se locomovem em taxis e automóveis com aplicativos e sua presença é sentida pelas baianas de acarajé e abará.

Alimentadas por uma cultura de origem africana e modificada pelo jeito brasileiro, nota-se as características típicas do lugar na culinária, vestes, danças, música, jeito dengoso de falar misturando tradições que atraem fortemente turistas de todo o Brasil e de várias partes do mundo. Seus monumentos históricos e suas igrejas seculares são um museu da história do Brasil, contando como a Terra de Santa Cruz começou a ser organizada e a se formar o autêntico povo brasileiro.

Mas nem tudo são flores. Como é expresso no ditado popular “tudo que dá para rir dá para chorar”, crescem as necessidades com a segurança, proteção ambiental e de conservação da cidade. Na segurança tem-se lançado mãos de tecnologias recentes como os drones, o reconhecimento facial, as body cams, leitura por radiofrequência e treinamento especial para abordagens. A mobilização da cidade tem melhorado com modernas linhas de metrô e sistema BRT.

O Carnaval baiano tem ultrapassado os limites de uma simples festa popular, mas um instrumento de geração de riqueza para toda a Bahia. Os cuidados com a preservação da cultura, a oportunidade de mostrar para os visitantes os outros locais turísticos como a Baía de Todos os Santos, a Chapada Diamantina, a Costa do Cacau e a riqueza do agronegócio plantado no além são Francisco, indicam que a celebração dessa fantástica festa é capaz de gerar oportunidades de promoção do desenvolvimento econômico sustentável, preservando tradições e fortalecendo a posição da Bahia como um destino turístico de destaque no Brasil e no mundo.

Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.) – [email protected]

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