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Artigo

Logtechs aumentam quilometragem na rota de personalizar serviços

Jaques Rafael Motta

25/06/2022 06h09

Foto: Ilustrativa

Globalmente, a expansão do segmento de fintechs é uma realidade traduzida em números. O estudo “Pulse of Fintech H2´21”, publicado pela KPMG em janeiro deste ano, revela que, em 2021, o volume total de investimentos em fintechs estabelecidas nas Américas bateu mais um recorde: foram 2.660 negócios, somando US$ 105 bilhões em investimentos.

A tendência para 2022, apontada pela KPMG, é um incremento dos negócios movimentados por fintechs, sobretudo na América Latina. Nessa região, uma particularidade chama atenção dos investidores. Trata-se de uma geografia em que os negócios com foco em soluções digitais se destacam pela variedade de aplicações e soluções voltados a públicos cada vez mais diversos.

No Brasil, a estrada rumo ao crescimento exponencial do setor de fintechs desbrava caminhos para o avanço de soluções digitais em setores muitas vezes reconhecidos como mais tradicionais, como o mercado de logística. O rápido desenvolvimento das logtechs tem ressaltado a demanda latente do mercado logístico por inovação. Nessa toada da digitalização do setor de logística, é fundamental pensar em soluções para democratizar o acesso a produtos e serviços financeiros compatíveis com a realidade dos diversos atores desse segmento.

O caminho para a democratização dos serviços financeiros no Brasil tem sido considerado um dos mais avançados no mundo. Esse crescimento e evolução dos produtos criados por fintechs e bancos digitais no mercado brasileiro estão diretamente atrelados à capacidade dos times em identificar dores de determinados grupos de clientes, que quase sempre estiveram à margem dos serviços financeiros ofertados por instituições tradicionais.

Mais ágeis e inovadores, fintechs e bancos digitais conseguem entregar produtos mais personalizados e com custos mais enxutos. O fértil ecossistema de parcerias das fintechs também aumenta a quilometragem dos serviços digitais na corrida pela fidelização dos clientes, sobretudo aqueles com dificuldade de acesso a crédito e outros produtos financeiros. No setor logístico, fintechs e bancos digitais estão com os radares acionados para entregar soluções financeiras mais customizadas, principalmente aos caminhoneiros.

Dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) mostram que o número de motoristas autônomos ultrapassa 860 mil e há aproximadamente 1,2 milhão de profissionais que são funcionários de frotistas. De acordo com um levantamento da Confederação Nacional do Transporte (CNT), a renda média dos motoristas autônomos é de R$ 5.011,39. No caso de frotistas, a renda média é de R$ 3.720,56. Nas estradas brasileiras, diariamente cerca de 2 milhões de motoristas padecem com a mesma dor financeira: gastos excessivos com combustíveis e diminuição de poder aquisitivo. Cerca de 60% dos gastos mensais dos caminheiros correspondem a despesas efetuadas nos postos de combustíveis.

Atentas a esse cenário, logtechs têm desenvolvido soluções financeiras moldadas a necessidades básicas de caminhoneiros, como linhas de crédito, produtos de seguros e arranjos financeiros que tornam a jornada mais segura. Com novos produtos financeiros, os caminhoneiros aumentam o poder de compra, adquirindo equipamentos, acessórios, itens de segurança e serviços de manutenção. Essa dinâmica produz um círculo virtuoso positivo no setor de logística.

Ao customizarem a oferta de serviços próprios para solucionar demandas dos caminhoneiros, o mercado de logtechs ganha tração. Além de fidelizarem um público que estava à margem do sistema financeiro e da inovação, as logtechs trazem valor para toda a cadeia logística, do transportador aos postos de combustíveis.

As logtechs, porém, não inventaram a roda. O diferencial delas está na escuta ativa, expressão que tem ganhado voz em tempos de valorização do “S” dos fatores ESG (expressão do inglês para ambiental, social e governança). Ao contrário de instituições financeiras tradicionais, que historicamente sempre desenvolveram produtos para públicos mais heterogêneos, o segredo da engrenagem das fintechs está na personalização.

Para ter sucesso na oferta de um serviço financeiro disruptivo, não basta identificar um determinado público-alvo, é preciso entender como solucionar suas dores e estabelecer uma relação de confiança. A inovação só faz sentido quando se mostra eficiente para solucionar problemas, de qualquer tamanho e natureza.

O ambiente de fintechs, em todas as verticais do país, é fértil e está nas lentes dos investidores internacionais. O Brasil ainda tem muitos nichos e consumidores carentes de serviços financeiros personalizados, mas o país apresenta um mercado muito dinâmico, competitivo e surpreendente. Para acumular quilometragem e continuar na rota que leva à expansão do capital, não basta embarcar tecnologia e inovação, é preciso abrir a boleia, escutar atentamente todos os públicos e se interessar, de fato, por suas dores.

Jaques Rafael Motta - é Head de Pagamentos da Tmov, logtech do setor de transporte de cargas fechadas do Brasil. Tem mais de 19 anos de experiência no mercado, com participação no primeiro produto consignado digital no país e também na concepção e implementação de projetos de prevenção a fraudes digitais. Atualmente.

Publicado na revista MundoLogística

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