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Entrevista

“Já nascemos com o conceito de transição energética”

Marcelo Lyra, vice-presidente de Relações Institucionais, Comunicação e ESG, conversou sobre a trajetória da Acelen na agenda ESG

19/05/2024 23h00

Foto: Divulgação

Uma empresa que atua no segmento de petróleo e gás precisa ser muito mais rigorosa nos cuidados com a segurança do meio ambiente e das pessoas que aquelas que atuam em outras áreas econômicas, acredita Marcelo Lyra. Ao mesmo tempo em que toca uma gigantesca operação de refino de petróleo em Mataripe, a Acelen toca um novo projeto para a produção de biocombustíveis a partir de macaúba e dendê, num investimento previsto em R$ 13 bilhões nos próximos 10 anos.

Marcelo Lyra, vice-presidente de Relações Institucionais, Comunicação e ESG da Acelen, conversou com a reportagem do Correio sobre a trajetória da Acelen na agenda ESG. Ele atua há mais de 25 anos nos setores petroquímicos, de mídia e comunicação e em holdings com atuação multisetorial. Foi vice-presidente e diretor de empresas nacionais e multinacionais, nas áreas de relações institucionais, sustentabilidade, comunicação e de negócios.

O acidente do petroleiro Exxon Valdez, em 1989, acabou se tornando um marco porque levou o mundo o setor produtivo a buscar uma atuação mais responsável e segura. Qual é a importância da agenda de responsabilidades para a Acelen, individualmente, e para o segmento de petróleo e gás, como um todo?

No nosso negócio, a segurança é um valor inegociável, porque envolve vidas humanas e se trata de uma atividade intrinsecamente perigosa. Qualquer deslize, acaba afetando a reputação da empresa e quem não cuida disso tende a não sobreviver. Hoje a gente vê sistemas cada vez mais seguros, não temos notícias deste tipo de acidentes há um bom tempo. A sociedade está entendendo que as consequências ambientais impactam a nossa vida no curto, mas também no médio e longo prazo. A gente tem na memória o que aconteceu em Brumadinho e, mais recentemente, em Alagoas. Temos esse fenômeno climático no Rio Grande do Sul… Tudo isso mostra que o impacto que a desatenção com a questão ambiental é extremamente negativo e ainda traz consequências econômicas desastrosas. O outro lado da questão é que essa agenda traz oportunidades também. No nosso caso, materializamos isso no nosso projeto de renováveis, a partir da macaúba, com um investimento previsto de R$ 13 bilhões. A gente tem um pé forte na produção de combustíveis de alto carbono, que trabalhamos com muita responsabilidade e buscando reduzir a pegada de carbono, mas já nascemos com o conceito de fazer a transição energética e acelerar esse processo no Brasil. E o Mubadala (controlador da Acelen) já fala em destinar R$ 68 bilhões para replicar este módulo que estamos fazendo aqui na Bahia.

O que é o ESG para vocês?

Assim como a gente colocou um no combustível fóssil e o outro no renovável, entendemos que o ESG tem um pé na responsabilidade e obrigação e o outro na transformação do planeta e a obtenção de resultados econômicos a partir daí.

Vocês já nascem na era do ESG, como você lembrou, mas o principal ativo de vocês é a Refinaria Mataripe, que produz combustíveis derivados de petróleo. Como é o trabalho para tornar a operação mais sustentável?

Esse é um desafio muito interessante e contínuo. É um trabalho que não termina, porque estamos sempre tentando melhorar. Nós investimos em dois anos aproximadamente R$ 2 bilhões, que é algo que vai além de obrigações legais. Nós investimentos em confiabilidade e também para melhorar as operações. É tanto para ter altos níveis de produção, quanto para ter indicadores socioambientais cada vez melhores. Só para se ter uma ideia, reduzimos nosso consumo de água em 10% no ano passado. É o suficiente para uma cidade com 30 mil habitantes. A economia de energia foi 13%, comparado a 2022. No conjunto da obra, você vai limpando a pegada daquele combustível. Sempre será de alto carbono, mas queremos que nosso combustível tenha a menor intensidade possível e este é um processo contínuo.

Um conceito fundamental do ESG é o de responsabilidade em relação a quem está no entorno. Como é a relação de vocês com as comunidades mais próximas?

Essa é uma questão com a qual a gente tem um cuidado e um carinho especial. As pessoas que têm uma relação interessante em relação aos ativos industriais. Normalmente, a população quer o ativo próximo, porque é uma oportunidade para geração de empregos e renda. Então, é bom ter por perto, mas não tão perto assim. Tem as duas realidades convivendo. O que nós fizemos de diferente em relação ao que encontramos foi a abertura de um diálogo mais estruturado e dando voz para eles. A gente se coloca à disposição para ouvir até as queixas que não tem nada a ver com a nossa atuação.

De certa maneira, a empresa acaba ocupando um espaço que deveria ser do Poder Público.

Em empresa grande, isso aumenta. Veja, nós somos responsáveis por 17% do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) e de 10% do Produto Interno Bruto da Bahia, então é natural que a sociedade nos demande apoio social. Isso é muito comum em todo o Brasil. Acaba sendo um papel da empresa. Talvez, se você tivesse os serviços essenciais fornecidos de forma mais significativa, este apoio seria menos necessário.

O que você destaca de mais significativo entre os feitos para a comunidade?

O Acelen Acender, porque eu acho que os projetos voltados para a área de educação são os que tem o maior potencial para transformar profundamente a vida das pessoas. Nós acreditamos muito na educação e quando investimentos, óbvio que formamos mão de obra para nos atender também, mas transformamos a vida de gerações inteiras.

Publicado no Jornal Correio