09/05/2020 11h07
Foto: Divulgação
A situação das empresas que atuam no ramo de transportes (de cargas e passageiros) se agravará neste mês e terá consequências negativas para seus empregados. Diante da queda de demanda provocada pelo avanço do coronavírus, um terço das transportadoras já fez demissões e 42,8% projetam chegar ao fim de maio com algum enxugamento do quadro de pessoal na comparação com o período pré-pandemia, segundo pesquisa inédita da Confederação Nacional do Transporte (CNT).
O cenário de desligamentos poderia ser ainda pior sem as alternativas oferecidas pela MP 936, medida provisória que permite a suspensão temporária dos contratos de trabalho e redução da jornada laboral, com corte proporcional dos salários. De acordo com a pesquisa, que ouviu 600 companhias de todos os modais de transportes entre os dias 20 e 24 de abril, nada menos que 47,5% já usaram ou pretendem usar o expediente de suspensão dos contratos. E 47,9% devem implementar redução de carga horária até o fim de maio.
“Apesar de entender a importância das medidas já adotadas para reduzir os impactos da crise, os transportadores acreditam na necessidade da aplicação de medidas de apoio mais consistentes”, afirma o presidente da CNT, Vander Costa. “É fundamental que essas medidas sejam aplicadas a todas as empresas, independentemente de seu porte. Só assim será possível assegurar empregos e manter a operação dos serviços de transporte, essenciais para o abastecimento do país”, acrescenta.
Empresas de ônibus urbanos, por exemplo, apontam perdas de R$ 2,5 bilhões por causa do desequilíbrio entre oferta e demanda nas cidades grandes e médias. Elas alegam ter perdido mais passageiros – e receitas – do que reduzido a frota em circulação desde o início da emergência sanitária.
No caso das companhias aéreas, mais de 90% dos voos domésticos e internacionais foram cancelados. Operadoras de linhas interestaduais de ônibus também se queixam de queda abrupta da demanda. A crise também afeta, em diferentes graus e dependendo dos produtos, muitas transportadoras de cargas.
Do total de empresas pesquisadas, 33% relataram demissões até agora. Entre as que demitiram, 49% dispensaram menos de dez empregados e 11% desligaram 100 trabalhadores ou mais. Das que preservaram integralmente seus quadros, por enquanto, 18% pretendem realizar cortes nos próximos 30 dias.
Os dados fazem parte da segunda rodada da “Pesquisa de Impacto no Transporte – Covid-19”, que tem foco nas relações trabalhistas e será divulgada hoje pela CNT. A primeira fase do levantamento saiu no início de abril.
Fonte: Valor On-line