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Economia

Banco Central reduz Selic em 0,75 ponto e juros vão a 3% ao ano

Esta é a sétima redução consecutiva no atual ciclo de baixa iniciado no ano passado

07/05/2020 09h13

Foto: Divulgação

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) anunciou um corte de 0,75 ponto percentual (p.p.) na Selic, taxa básica de juros da economia, que foi de 3,75% a 3% ao ano. O colegiado indicou ainda que pode haver mais um corte na próxima reunião, em junho, de mesmo grau.

Trata-se do menor nível da taxa básica da economia desde 1999, quando começou o regime de metas para a inflação. Esta é a sétima redução consecutiva no atual ciclo de baixa iniciado em julho do ano passado.

A decisão foi unânime e surpreendeu grande parte do mercado, que esperava um corte menor, de 0,5 p.p, dada a trajetória recente do câmbio e da fuga de dólares do país em função do estresse gerado pela pandemia do coronavírus. No comunicado, o comitê disse que dois integrantes do grupo chegaram a considerar dar o corte todo hoje (o desta quarta e o esperado para a próxima reunião), o que poderia levar a uma redução de 1,5 p.p. na taxa.

O estímulo vem num momento em que os diversos setores da economia registram retrações recordes, e grande parte dos consumidores passam a comprar apenas bens essenciais. É por isso que o comitê diz no comunicado que “neste momento, a conjuntura econômica prescreve estímulo monetário extraordinariamente elevado”.

Reforçou, no entanto, que há potenciais limitações para o grau de ajuste adicional, como a trajetória fiscal ao longo do próximo ano, assim como a percepção sobre sua sustentabilidade: “Para a próxima reunião, condicional ao cenário fiscal e à conjuntura econômica, o Comitê considera um último ajuste, não maior do que o atual, para complementar o grau de estímulo necessário como reação às consequências econômicas da pandemia da Covid-19. No entanto, o Comitê reconhece que se elevou a variância do  seu balanço de riscos e ressalta que novas informações sobre os efeitos da pandemia, assim como uma diminuição das incertezas no âmbito fiscal, serão essenciais para definir seus próximos passos.”.

No comunicado anterior, o comitê já havia colocado a questão fiscal como possível impeditivo para uma maior flexibilização monetária, mas”parece que pesou mais o choque de demanda no curto prazo”, diz Mauricio Oreng, do Santander.

A desaceleração econômica ampliada pela pandemia no mundo todo ainda não pode ser lida nos índices de atividade locais disponíveis até março. Com isso, o comitê ressalta ainda que os efeitos recessivos da quarentena deverão ser notadamente superiores nos dados de abril.

A opinião do mercado também aponta para mais um corte na Selic na reunião de junho. O Boletim Focus, do Banco Central, espera que a taxa chegue ao fim do ano a 2,75% ante 3% na estimativa anterior. Para 2021, a expectativa é que fique em 3,75% ao ano ao final do período.

Ao mesmo tempo, as projeções de inflação estão em forte queda em função dos efeitos deflacionários gerados pela pandemia. A expectativa do Focus caiu pela oitava semana seguida nesta segunda-feira, chegando a uma alta estimada em apenas 1,97% para o IPCA, contra 2,20% visto antes. Para 2021, a inflação é calculada agora em 3,30%, ante 3,40% no levantamento anterior.