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Artigo

Assinatura de veículos e frota

Sérgio Maia

11/08/2021 06h09

Foto: Divulgação

É um assunto que está despertando o interesse, no Brasil, tanto de particulares como de empresas e frotista. Afinal, qual a melhor opção, compra, financiamento ou assinatura e quais os prós e contras?

Ressalto, também, que atualmente as pessoas preferem pagar pelo uso do bem e não mais pela posse, além de buscarem sempre menores custos e mais vantagens.

A assinatura de veículos deve ser, no mínimo, analisada considerando que, na conjuntura econômica atual, há: crescente taxas de juros, falta de peças e veículos novos nas revendedoras que encarece de 10 a 15% os veículos novos e, consequentemente, aumento da demanda e do valor dos carros usados.

É inegável que a assinatura de veículos traz vantagens, como comodidade, reduz o trabalho no Setor de Transportes das empresas, inclusive otimizando equipes, pois diversas funções que exigiam tempo e atenção dos colaboradores, em relação a frota, ficam sob a responsabilidade da empresa contratada.

Com essa desmobilização, sua equipe ganha tempo para cuidar de outros assuntos essenciais, aumentando a produtividade, quiçá reduzindo necessidade de colaboradores no Setor de Frotas, portanto este custo indireto também precisa ser considerado.

Principais vantagens da assinatura de veículos:

  • desmobilização de ativos na empresa, gerando mais capital livre para outros investimentos, gerando economia nos seus negócios;
  • menos burocracia, pois o veículo por assinatura já vem com sua documentação regularizada (com possibilidade geralmente de incluir até 5 condutores), e inclusão das revisões, troca de pneus, manutenção, seguro e carro reserva, tudo por conta da empresa contratada;
  • não necessidade de realizar valores de entrada de veículos e pagar a tão famigerada TAC, dos financiamentos;
  • previsibilidade de custos de manutenção, uma vez que as manutenções já estão incluídas no valor mensal da assinatura e são fixas;
  • existem diversos pacotes de quilometragem, que são bem vantajosos;
  • a idade da frota nunca é alta pois os veículos podem ser sempre 0 Km;
  • existência de planos a partir de 12 meses
  • redução de custos contábeis com depreciação de frota;
  • além disso essa modalidade evita os juros dos financiamentos, se  a opção de compra for essa, que pode chegar até 4% de taxa efetiva, com IOF.

Há outra opção de financiamento que é o leasing, ou arrendamento mercantil, para a compra, por exemplo, o comprador assina um termo dizendo que ele poderá usufruir do veículo, pagando taxas mensais durante um tempo determinado à instituição financeira. Parece um aluguel, mas não possui todas as vantagens da assinatura de veículos. No Leasing, o automóvel não é de propriedade do cliente até que o contrato seja finalizado. Geralmente é feito para empresas e costumam ter taxas de juros menores do que os CDC, que irei explicar abaixo, ou outros tipos de financiamentos, e a venda do veículo fica impossibilitada durante a vigência do contrato  

Leasing Back (leasing de retorno)

Ocorre no meio empresarial, ou seja, é usado quando uma corporação necessita de capital de giro. Portanto, ela vende seus bens e aluga de volta os mesmos, mas essa opção não existe no Brasil, existe nos EUA e é muito usado para aquisição de imóveis, também.  Nele, a empresa vende um ativo operacional de alto valor (geralmente um imóvel, ou veículo) e o aluga de volta. Desta forma consegue obter recursos para o caixa do negócio e ainda utilizar o bem em questão. Pode ser um bom negócio.

A forma mais comum e mais rápida de incentivar/estimular a compra por financiamento para um veículo é o CDC (Crédito Direto ao Consumidor), inclusive as concessionárias usam uma outra opção para atrair os clientes para essa modalidade, que é o Compra Certa, ou seja: você dá uma entrada de 20% a 30% na compra do veículo, a depender do seu score financeiro, reduz as parcelas intermediárias e na última parcela paga um valor maior, ou vende e compra um novo carro na concessionária, abatendo a última parcela, ou até mesmo refinancia a última parcela, ao final do contrato.

Lembramos que essa opção de CDC pode ser uma das mais caras no custo final do veículo, chegando às vezes a dobrar o valor da aquisição do veículo. Acho que essa opção deve ser analisada com muito cuidado, e bem negociada pois há concessionárias e bancos que chegam a aplicar uma taxa efetiva (com IOF) mensal de até 5% a.m., sendo que ,no momento atual, a taxa Selic está em torno de  4,25 % a.a.; isso capitalizado em 48, 60 meses, pode gerar um alto custo na aquisição veículo.

Quais as desvantagens da assinatura de veículos, em detrimento da aquisição, compram do bem:

  • sai mais caro do que comprar à vista. Não há dúvidas de que um carro por assinatura pode ser mais econômico do que um carro financiado, mas o cenário muda quando o pagamento é feito à vista;
  • franquia limitada, cliente deve escolher o pacote Km/mensal, para não ter custos de Km Extra mensalmente;
  • contratante não tem a posse do veículo;
  • não oferece a opção de compra do veículo ao final do contrato e as parcelas pagas mensalmente também não podem ser utilizadas para amortizar a compra;
  • se você quiser devolver o veículo, durante o contrato, geralmente paga multa, exemplo: se você fez uma assinatura de veículo por 24 meses, pagando R$ 1.000 / mês, e na metade do contrato, 12 meses, você decide devolver o veículo, você terá que pagar, contratualmente, 50% das mensalidades a vencer, ou seja R$ 6.000,00 neste caso.

Veículo próprio X veículo por assinatura

A escolha entre o carro por assinatura e um veículo próprio depende das suas necessidades e do momento da sua vida, ou da sua empresa.

Se você não tem dinheiro para pagar um veículo à vista e o financiamento está com os juros muito altos ou há insegurança no país para fazer investimentos por questões econômicas e conjunturais, incertezas da crise sanitária e política, o carro por assinatura pode ser uma boa opção para utilizar um veículo temporariamente sem pesar tanto no orçamento.

De modo geral, se você pretende ficar com o carro por mais de cinco anos, é indicado comprar, mesmo que financiado, buscando obter vantagens no negócio com o vendedor. Porém, se você só vai utilizar o automóvel por um, dois ou três anos, compensa fazer a assinatura para não ter que arcar com os custos e burocracias.

De qualquer forma, antes de tomar a decisão, é importante fazer os cálculos e verificar se a assinatura fica próxima ao valor de uma prestação de financiamento automotivo, considerando também todos os demais custos envolvidos.

Algumas empresas também analisam, quando compram veículos a depreciação acelerada, que pode vir a ajudar no Ebtida, para efeito de resultados da empresa.

A legislação brasileira admite determinados incentivos, chamados de "depreciação acelerada incentivada", visando incrementar os investimentos em determinados setores ou atividades. O incentivo consiste na redução ou diferimento do pagamento do IRPJ, PIS, COFINS ou CSLL, isolada ou conjuntamente.

A depreciação representa a perda de valor dos bens, por uso ou obsolescência, e visa bens físicos do ativo imobilizado, cujos encargos serão registrados periodicamente em contas de custo ou despesa.

No Brasil, algumas empresas já estão fornecendo veículos por assinatura, seja de pequeno e grande porte , como por exemplo:

  • Meoo Localiza;
  • Unidas Livre;
  • ITA Transportes;
  • algumas montadoras - como: Kinto Toyota, Audi, Caoa Chery, Jeep, Renault, dentre outras;
  • e Grupo Vamos, da JSL (Júlio Simões), que faz assinatura de máquinas, equipamentos e caminhões, inclusive de implemento de forma customizada (baú refrigerado no seu truck, ou carreta etc), sendo a empresa pioneira e a maior deste segmento no Brasil.

Quem pode comprar veículo à vista e está em um momento confortável financeiramente, deve fazer os cálculos, além do combustível, dos custos da documentação, seguros, revisões e manutenções com peças.

Concordo que compra à vista ainda é a melhor opção, até porque com dinheiro em mãos você consegue descontos maiores e irá ter a posse para venda futura. Ainda há concessionárias que garantem a recompra do veículo por 90% a 100% tabela FIPE, como a Toyota e Lexus, por exemplo; além de veículos de carga/passageiro possuírem alguns incentivos fiscais e isenções de impostos a depender do segmento da empresa, o que após um período, o comprador poderá vender o veículo a preço de mercado e quem sabe ter um significativo ganho nesta venda.

O recado final é: faça as contas, analise os custos diretos e indiretos, verifique sua situação financeira ou da empresa, os prós e contras e procure buscar a opção mais adequada, com mais vantagens e menores custos operacionais e financeiros. Evite nesses casos usar a emoção para tomar decisões.

A compra de um veículo novo, ou usado é um momento que envolve desejos e emoções. Se não forem bem administradas, o que deveria ser motivo de alegria acaba virando uma grande dor de cabeça. Depois que o negócio é feito não se pode voltar atrás e se houve uma análise equivocada, durante a compra, não tem mais jeito, o que foi realizado não tem mais volta. Poderá gerar despesas, inclusive, no caso de ter que desfazer a contratação

Ressalto ainda que na hora da venda de um veículo, 12% refere-se a tributo para o Governo Estadual e 30% para o Governo Federal. Como o Brasil se tornou um dos países que têm os carros mais caros do mundo, não compre, não financie, nem assine veículos sem uma boa análise de custos de cada uma das modalidades disponíveis no mercado.

Sérgio Maia -  Consultor e profissional de Logística há 22 anos.

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