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Transporte Aéreo

UberCóptero: Revo estreia rota aérea entre Faria Lima e Guarulhos

Empresa inicia operação de mobilidade aérea urbana de olho no mercado de carros voadores elétricos

06/08/2023 11h40

Foto: Divulgação 

Depois de algumas tentativas frustradas, as viagens de helicóptero por aplicativo para fugir do caótico trânsito de São Paulo voltaram. O grupo português OHI, dono da Omni Táxi Aéreo, especializada em operações offshore, para plataformas de petróleo, estreiou uma ponte aérea ligando o coração financeiro de São Paulo ao aeroporto de Guarulhos.

Diferentemente da Uber, que em 2016 tentou popularizar as viagens de helicóptero oferecendo o trajeto por R$ 66 — a conta não fechou e a operação foi descontinuada um mês depois — o novo serviço será voltado para um público de alta renda. Os assentos na ponte Faria Lima-Guarulhos custam R$ 3,5 mil.

A operação é da Revo, nova plataforma de mobilidade aérea urbana do grupo OHI e que nasce de olho no futuro mercado de carros voadores elétricos, os e-vtols. A empresa já anunciou a intenção de compra de 50 e-vtols da EVE, subsidiária da Embraer, e é parceira da fabricante brasileira nos estudos para o desenvolvimento do ecossistema de mobilidade aérea urbana.

Além da ponte Faria Lima-Guarulhos — um voo de 8 minutos —, a Revo também vai ligar a Faria Lima à Fazenda Boa Vista, o condomínio de luxo da JHSF em Porto Feliz, interior de São Paulo, com voos regulares para atender a demanda de final de semana. Aqui, o assento vai custar R$ 5 mil. O trajeto de 100 km que por terra pode demorar mais de duas horas, leva 30 minutos pelo ar.

A solução da Revo é de porta a porta: a tarifa inclui o transporte terrestre em carro de luxo para o heliponto que é a base da companhia, na Av. Juscelino Kubitschek, e todo o serviço pode ser contratado pelo aplicativo da Revo, com pagamento debitado automaticamente, como nos aplicativos de corrida.

O desenho das rotas envolveu dois anos de planejamento com uso de inteligência artificial para a construção de um enorme banco de dados com informações de cinco anos de fluxo de trânsito em São Paulo, horários de voos internacionais e entrevistas com potenciais clientes.

“Fizemos um estudo muito profundo de demanda e acreditamos que temos o produto adequado para o público de alta renda, com segurança operacional e preço correto”, diz o CEO João Welsh, executivo português que está há quase dez anos no grupo e que está se instalando no Brasil.

A intenção é abrir mais rotas e mais bases no futuro, chegando a 12 helicópteros em cinco anos e ir preparando o terreno para a entrada em operação dos e-vtols. “Somos uma empresa de mobilidade aérea urbana e já estamos nos posicionando para a chegada dos veículos elétricos, quando deverá haver uma maior massificação do serviço”, diz Welsh.

O negócio nasce com dois helicópteros bimotores da Airbus — o modelo H135, para até cinco passageiros, e o H155, até oito. Eles pertencem à frota da Omni, que será responsável pela operação aérea. A Omni foi criada pelo brasileiro Roberto Coimbra com um sócio português e é a maior empresa de táxi aéreo offshore da América Latina. A empresa é responsável por 60% da demanda da Petrobrás e transportou 500 mil passageiros no ano passado.

O CEO da Revo, João Welsh, projeta transportar 3,7 mil passageiros até o fim do ano, com uma receita de US$ 2 milhões — e vê potencial para alcançar US$ 80 milhões em cinco anos só com helicópteros, sem considerar o possível início de operação dos e-vtols.

O público alvo hoje são os 750 mil de CPFs que viajaram de executiva ou primeira classe em Guarulhos no ano passado, e as 580 famílias que frequentam a Fazenda Boa Vista. Hoje, 6 dessas famílias possuem helicóptero, próprios ou cotas. A aposta é que aqueles que não costumam voar de helicóptero por uma questão de preço, vejam valor na compra de um assento em ocasiões especiais. Hoje o fretamento de um helicóptero similar aos da Revo para voar de São Paulo até Guarulhos custa R$ 20 mil. Para a Fazenda Boa Vista, R$ 35 mil.

A operação começa com 40 voos semanais (pousos e decolagens), sendo 30 na rota Guarulhos e 10 na da Fazenda Boa Vista.

O grupo OHI tem sede em Portugal e é controlado pelo fundo Stirling Capital Group. O faturamento foi de 300 milhões de euros no ano passado.

Fonte: O Globo