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Artigo

Projetos importantes para a Bahia

Adary Oliveira

12/06/2023 06h05

Foto: Acelen -  Divulgação

Durante a realização do Bahia Oil & Gas Energy no Centro de Convenções Salvador, foram apresentados alguns projetos que estão sendo implementados na Bahia que contribuirão de forma muito positiva para o seu desenvolvimento. São projetos que agregarão novas tecnologias, criarão um número de elevado de novos empregos e ampliarão a incipiente ocupação industrial do semiárido. Faço aqui um resumo dos mais importantes.

O primeiro deles é o projeto BRAVE empreendido pelo Senai Cimatec, uma das organizações abrigadas pela Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), que incluiu em seus estudos a produção de etanol a partir do sisal. O sisal (agave sisalana) é uma planta xerófila que suporta secas prolongadas e temperaturas elevadas. Ele é colhido durante todo o ano e suporta a aridez dos solos nordestinos e é a fibra natural mais dura que existe. O Brasil é considerado o maior produtor mundial de sisal e a Bahia é responsável por cerca de 80% da produção nacional. Tal programa está sendo financiado pela Shell Brasil com recursos oriundos de exigência fixada na Lei do Petróleo (Lei 9478/97) que obriga as companhias petroleiras a aplicarem 1% do seu faturamento bruto em Pesquisa e Desenvolvimento e Inovação, constituindo-se numa das cobranças da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Um outro projeto é o da Acelen, empresa que é proprietária da Refinaria de Mataripe, a segunda maior do Brasil, e do Temadre, o segundo maior terminal marítimo, e desenvolveu um projeto para produzir óleo diesel vegetal a partir de óleos vegetais produzidos na região e de resíduos alimentícios, como óleo de cozinha usado e gordura animal. Ela pretende em 10 anos investir R$ 12 bilhões no projeto que inclui plantio de macaúba, uma planta natural da Bahia e adaptada ao seu semiárido, de alto poder energético. A tecnologia usada pela empresa permite a produção de um óleo diesel de alta qualidade com propriedades semelhantes ao diesel fóssil, mas com menor impacto ambiental. Além disso, o processo de produção é mais econômico e sustentável do que a produção do diesel fóssil. A Acelen já possui uma planta piloto em operação e pretende expandir a produção para atender a demanda de empresas que buscam reduzir sua pegada de carbono. O projeto tem potencial para contribuir significativamente com a transição energética e a redução das emissões dos gases de efeito estufa.

O terceiro projeto que selecionei é o da Quinta Energy, que planeja construir um sistema de geração de energia eólica e solar com uma capacidade total de 14,414GW, equivalentes à usina de Itaipu, uma das maiores hidrelétricas do mundo. O projeto envolve a instalação de painéis solares, turbinas eólicas e sistemas de armazenamento de bateria em vários locais. A empresa pretende adotar uma abordagem inovadora para construção das instalações, usando técnicas de construção modular e de montagem rápida para acelerar o processo de instalação. O objetivo final é fornecer uma fonte de energia limpa e renovável para ajudar a combater as mudanças climáticas e reduzir a dependência de combustíveis fósseis.

O quarto, entre os mais importantes, é o Projeto de Hidrogênio Verde da Unigel, concebido para ser implantado em três fases: a primeira, para produção de 10 mil t/a de hidrogênio verde, 60 mil t/a de amônia verde; investimeto de US$ 120 milhões e entrega em 2023; a segunda para  produção de mais 30 mil t/a de hidrogênio verde, mais 180 mil t/a de amônia verde; investimento de US$ 420 milhões e entrega em 2025; a terceira, para produção de mais 60 mil t/a de hidrogênio verde, mais  360 mil t/a de amônia verde; investimento de US$ 960 milhões e entrega em 2027; totalizando as três fases em produção de 100 mil t/a de hidrogênio verde, 600 mil t/a de amônia verde; e investimento de US$ 1,5 bilhão. Apresenta a vantagem de usar a fábrica de amônia existente no site de Camaçari e as instalações portuárias do Porto de Aratu-Candeias, ligada à planta por um gasoduto de 30 km.

Além de acreditar plenamente nisso, temos de torcer para que tudo corra bem e se realize conforme planejado. Com certeza não faltarão sol, vento, ar, água, sisal e macaúba, as matérias-primas a serem usadas nesses projetos.

Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.) – [email protected]

O conteúdo dos artigos é de responsabilidade dos seus autores. Não representa exatamente a opinião do MODAIS EM FOCO.