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Logística

Projeto de R$ 1,5 bilhão vai levar 5G pela linha do trem

A previsão da Surf Tech é começar a instalar a fibra óptica ao longo das linhas de trem da Rumo ainda neste ano

15/07/2022 16h35

Foto: Divulgação 

As ferrovias brasileiras poderão ajudar na superação de um dos maiores desafios para implantação do 5G no país: a expansão da conectividade. A Surf Tech, em parceria com a Rumo, vai usar a malha da concessionária, de 14 mil quilômetros de extensão, para construir uma rede dedicada à nova tecnologia móvel. O objetivo é levar sinal de internet para a fibra ótica em uma via sem interrupções, o que pode ajudar na entrega de toda capacidade do 5G. O investimento na nova infraestrutura será de R$ 1,5 bilhão. A previsão é de que a instalação da fibra comece até o fim deste ano.

Segundo o presidente da Surf Tech, Yon Moreira, a nova tecnologia vai demandar até mil vezes mais fibra do que o 4G. “O salto do 3G para o 4G já aumentou cerca de 10 vezes essa necessidade. De uma maneira geral, a maioria das redes do Brasil não é tão moderna, mas adaptada de uma geração para outra. Não é possível tirar todo o proveito do 5G para a sociedade se não tiver fibra nova”, disse.

O 5G tem maior capacidade de dados do que gerações anteriores de telefonia móvel, mas, por operar em frequências maiores – a faixa nobre é a de 3,5 Ghz – o comprimento da onda é menor e o sinal menos abrangente. Por isso, a tecnologia precisará de mais antenas, que, por sua vez, precisam estar conectadas a uma rede de fibra.

De acordo com a Surf Tech, a rede será instalada a partir de perfurações ao lado dos trilhos. Do investimento inicial, cerca de R$ 500 milhões serão desembolsados pela própria empresa. A meta é capturar o R$ 1 bilhão restante por meio da emissão de debêntures, que poderão ser adquiridas tanto por pessoas físicas quanto empresas e fundos de investimento. “A debênture é uma maneira muito boa de se ter uma aplicação de médio prazo e alta rentabilidade”, diz Moreira.

A Surf Tech trabalha com o modelo de rede neutra, no qual a operadora não fornece internet aos usuários, mas “aluga” sua infraestrutura. “Os parceiros têm capacidade de usar recursos iguais para todos, em condições iguais. Os clientes potenciais são as operadoras tradicionais, provedores regionais, bancos, supermercados e empresas de centros de dados e tecnologia”, afirma Moreira. De acordo com o executivo, menos de 50% da rede das grandes teles é própria.

De acordo com a Rumo, que opera 12 terminais de transbordo e seis portuários, sua estrutura é responsável por 26% do volume de grãos exportados pelo Brasil. Em 2019, a empresa transportou 57 milhões de toneladas de cargas.

Os 14 mil quilômetros de ferrovias da Rumo passam por nove Estados: Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás e Tocantins. O número de cidades que poderão ser conectadas é de aproximadamente 500.

“Esta parceria representa um marco para a infraestrutura do país e traz bons frutos a todos os envolvidos, tanto para empresas quanto para os cidadãos que serão amplamente beneficiados pela transformação proporcionada pelo 5G”, diz o gerente executivo de desenvolvimento de negócios associados da Rumo, Renato Caldo.

De acordo com Moreira, a ideia é usar toda a malha da concessionária, mas ir instalando a rede conforme a demanda pelo serviço. “Se for utilizado qualquer outro meio para instalação da rede, como rodoviário e linhas de transmissão de energia, todas passam fora das cidades. O trem não, ele nasceu dentro da cidade e tem potencial de atravessar o coração dos centros urbanos, como São Paulo, Curitiba, Campinas e Santos, por exemplo. O nosso propósito é a inclusão digital”, diz o executivo.

A capacidade para tráfego é de até 1 exabyte, ou 1 bilhão de gigabytes. Isso significa um milhão de vezes mais potente do que um cabo submarino que conecta o Brasil aos Estados Unidos. Além da velocidade, uma boa infraestrutura de rede possibilita um dos grandes diferenciais do 5G, a baixa latência, que é o tempo de resposta para determinado comando.

O executivo lembra que a entrega de um 5G de qualidade vai possibilitar a automação de carros e equipamentos urbanos, assim como o desenvolvimento de aplicações para o agronegócio, educação, indústria e saúde. “Trata-se da primeira grande rede nativa, ou seja, exclusiva para o 5G, que está nascendo no país. Uma rede antiga, cheia de remendos e interrupções, atrapalha o tempo de latência, algo que não ocorreria em uma via ferroviária limpa”, afirma o presidente da Surf Tech.

Fonte: Valor Econômico