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Sustentabilidade

Papel brasileiro na mudança do clima é discutido no Senado

Painel teve participação de ativistas e especialistas

10/09/2021 17h08

Foto: Divulgação

A embaixadora da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP 26), Fiona Clouder, avaliou nesta sexta-feira (10) que o Brasil tem grande potencial de influenciar países em ações de mitigação de mudanças climáticas. Ao participar da sessão temática do Senado Federal que debateu o último relatório do IPCC (sigla em inglês para Painel Intergovernamental de Mudança do Clima da ONU), ela destacou a influência brasileira no mundo.

“O Brasil tem tanto potencial! Ele tem a preciosidade de ter tanta diversidade e tantos ecossistemas. Ele tem o potencial de ter uma enorme influência, de exercer uma enorme influência sobre o mundo”, avaliou. Para Fiona, “é preciso recuar e dar um passo adiante, dar um passo à frente”.

Pela primeira vez, o IPCC quantificou o aumento da frequência e da intensidade dos eventos extremos ligados às mudanças climáticas. Nas últimas décadas, o aumento de eventos extremos, como tempestades, enchentes, furacões, ciclones, secas prolongadas e ondas de calor já eram previstas, mas com modelos computacionais mais modernos, passou a ser possível atribuir o grau de influência das alterações do clima nesses eventos e até calcular quantas vezes mais frequentes e mais intensos eles se tornam em função do aquecimento global.

Recursos

Segundo a embaixadora da ONU, a agenda de mitigação é muito importante e todos os países têm um papel com as partes e também para adotar essas estratégias de longo prazo, um conjunto de atividades para se adaptar. “Para levar adiante todas essas pautas, é preciso ter recursos. Esse é um tema central também na COP 26. É importante termos recursos para enfrentar esses compromissos, para financiar em nível internacional esses projetos. Uma meta de US$ 100 bilhões foi acordada e essa atitude, essa movimentação é urgente. Ela precisa ser implementada para se alcançarem as metas financeiras”, disse.

“Para que o Artigo 6º do Acordo de Paris possa ser implementado, nós estamos ansiosos para trabalhar com o Brasil em todas essas questões, para alcançar, para desenvolver essas pautas e implementar os mecanismos para promover essas ações para combater a mudança climática”, destacou Fiona.

Ainda segundo a embaixadora da COP 26, no contexto da pandemia de covid-19, existem dificuldades, mas também existem várias oportunidades de transição para novos mercados e uma nova geração de consumidores. Fiona listou oportunidade para novos investidores, para investimento em infraestrutura, investimento em transição para uma nova fonte de energia. Para ela, há oportunidade para alcançar o máximo, extrair o máximo do mundo, para preservar ao máximo o mundo natural, para fazer o máximo dessas soluções naturais, e fazer tudo isso de forma sustentável e também para auxiliar o uso do solo, a agricultura e outras atividades.

O Acordo de Paris reúne mais de 190 países que se comprometem individualmente a manter esforços progressivos de redução de emissões de gases de efeito estufa na atmosfera por meio de metas conhecidas como Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). O objetivo é limitar o aquecimento global a menos de 2ºC e com esforços para se manter abaixo de 1,5º C em relação aos níveis pré-industriais. O acordo requer que os países progressivamente reduzam suas emissões até que se atinja um balanço entre as emissões e as reduções ou remoções e assim se alcance a tal neutralização. No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro se comprometeu a alcançar a neutralidade de carbono até 2050, mesmo prazo dado pelos Estados Unidos.

Greta Thunberg

A ativista sueca Greta Thunberg, de 18 anos, também participou do debate. Em uma fala de cerca de 5 minutos, a ativista disse que não está em posição de dizer como o Brasil deve agir sobre as mudanças climáticas e admitiu a responsabilidade dos países europeus na crise ambiental que o mundo enfrenta. Apesar disso, a jovem não poupou o Brasil de críticas e disse que "o que os líderes do Brasil estão fazendo hoje com os povos indígenas e com a natureza é extremamente vergonhoso". 

"Claro que o Brasil não começou essa crise, mas acrescentou muito combustível a esse incêndio. O que os líderes do mundo falharam não é desculpa para o Brasil não assumir sua responsabilidade", disse.

Para Greta Thunberg, a Amazônia está "no limite" e já "emite mais carbono do que consome por conta do desmatamento e das queimadas". "Isso está sendo diretamente alimentado pelo seu governo e o mundo não pode arcar com o custo de perder a Amazônia", acrescentou.

Em meio ao julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o marco temporal para demarcação de terras indígenas, a ativista também destacou a importância da defesa da população indígena pelo Brasil. “Os grupos indígenas representam menos de 5% da população, mas representam 8% da diversidade", disse. “Os direitos dos povos indígenas e os direitos climáticos caminham juntos, e a conservação não pode ficar só por conta do governo, das empresas, mas também dessas pessoas que tomaram conta do planeta por milênios”.

Fonte: Agência Brasil