29/02/2020 06h32
Foto: Divulgação
A Organização Mundial da Saúde, OMS, anunciou nesta sexta-feira, 28, que o risco de propagação e impacto do covid-19 passou de “alto” para “muito alto” em nível global. De acordo com a agência, até a manhã da sexta-feira em Genebra, 49 países haviam notificado casos da nova cepa do coronavírus. Cinco a mais que no dia anterior. Em todo o mundo, a doença já infectou 4.351 pessoas e matou 67.
Na China, onde o covid-19 surgiu em dezembro, autoridades informam a maior baixa no número de casos em mais de um mês. Foram 329 notificações num prazo de 24 horas. No total, a China tem 78.959 casos de covid-19 com 2.791 mortes.
Desde a quinta-feira, Dinamarca, Estônia, Lituânia, Holanda e Nigéria relataram seus primeiros casos. Todos esses registros têm ligações com a Itália.
A Nigéria é o terceiro país no continente africano a ser afetado pela doença.
Ao todo, 24 casos foram exportados da Itália para 14 países e 97 casos foram exportados do Irã para 11 nações.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que o mundo está “vendo casos em vários países novos, incluindo agora o continente africano.” Guterres alertou que “não é hora de entrar em pânico, é hora de estar preparado, totalmente preparado”. Para ele, “agora é a hora de todos os governos intensificarem e fazerem todo o possível para conter a doença, e fazê-lo sem estigmatização, respeitando os direitos humanos.”
O chefe da ONU disse “a contenção é possível, mas a janela de oportunidade está se fechando”. Por isso, ele fez um apelo à “solidariedade e ao apoio global total, com todos os países assumindo suas responsabilidades.”
OMS
Em Genebra, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, alertou que o “aumento contínuo do número de casos e o número de países afetados nos últimos dias é claramente preocupante”. Segundo Tedros, até o momento, o que se observa são epidemias ligadas ao novo coronavírus em vários países. Ele disse que, no entanto, a “maioria dos casos ainda pode ser atribuída a contatos conhecidos ou grupos de casos.”
Evidências
Tedros destacou que ainda não existem “evidências de que o vírus esteja se espalhando livremente nas comunidades” e informou que se a situação continuar assim, ainda existe a “chance de conter esse vírus.” Para isso, ele disse que ações robustas precisam “ser tomadas para detectar casos precocemente, isolar e cuidar de pacientes e rastrear contatos.”
O diretor-geral da OMS enfatizou que "existem diferentes cenários em diferentes países e diferentes cenários dentro do mesmo país” e a “chave para conter esse vírus é quebrar as cadeias de transmissão.”
Vacinas
O chefe da OMS também informou que no momento, “mais de 20 vacinas estão em desenvolvimento em todo o mundo e várias terapias estão em testes clínicos.” Ele disse que a expectativa é que os primeiros resultados saiam em algumas semanas.
Ao mesmo tempo, Tedros observou que o mundo não precisa esperar por vacinas e terapias e que já existem ações “que todo indivíduo pode fazer para se proteger e aos outros.”
Economia
Em Washington, DC, o porta-voz do Fundo Monetário Internacional, Gerry Rice, disse que o custo econômico do surto de covid-19 ainda é incerto, mas certamente impactará negativamente o crescimento global. Segundo ele, o FMI está analisando todos os dados disponíveis e espera ter uma visão mais concreta do impacto final quando publicar o próximo relatório do Panorama Econômico Mundial em abril.
Rice observou que é provável que as projeções de crescimento para o mundo sejam rebaixadas e que “claramente o vírus terá um impacto no crescimento.” Ele destacou que o surto de coronavírus não se limita às fronteiras nacionais, e que, portanto, a resposta econômica a ele também deve ser internacional.
O porta-voz alertou que “no caso de as coisas piorarem”, todos devem “estar em posição de pensar em uma resposta mais sincronizada e coordenada que inclua medidas econômicas.” Ele acrescentou que o FMI possui uma gama completa de ferramentas e incentivos financeiros para ajudar países de baixa renda com financiamento emergencial, para que o dinheiro usado para evitar doenças não ocorra à custa da estabilidade econômica a longo prazo.