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Gestão

Motiva cria comercializadora no mercado de energia elétrica

Empresa está entre as 50 maiores consumidoras de eletricidade do país e é a 2ª maior da RM de São Paulo

25/10/2025 08h54

Foto: Divulgação

A Motiva, novo nome da antiga CCR, anunciou a criação de uma comercializadora de energia elétrica, marcando sua entrada no setor de comercialização e gestão de energia. A nova estrutura deverá entrar em operação até o fim do primeiro trimestre de 2026, após aprovação dos órgãos reguladores do setor elétrico, e contará com capital social de R$ 48 milhões.

Atualmente, a Motiva está entre as 50 maiores consumidoras de eletricidade do país e é a segunda maior da Região Metropolitana de São Paulo, atrás da Sabesp. Em 2024, as despesas com energia elétrica somaram R$ 290 milhões, o que representa 4,8% das despesas operacionais globais do grupo.

Segundo o gerente-executivo de energia da Motiva, Diego Martins, a meta é reduzir em 20% os gastos com eletricidade até o fim de 2026. Ele destaca que a nova estrutura permitirá não apenas a compra e venda de energia, mas também a gestão de certificados de energia renovável (I-RECs) e créditos de carbono para neutralizar as emissões diretas (escopo 1) e indiretas (escopo 2) da empresa.

“A comercializadora fará um trabalho de gestão do consumo da Motiva, mas também vai estar focada em fornecer energia e gestão de energia para nossos fornecedores”, explica Martins. “Com isso, a Motiva entra em comercialização de energia por dois pontos: vamos comprar energia em volumes grandes no mercado para atender nossas cargas e nossos fornecedores em contratos de longo prazo”, acrescenta.

Com a nova comercializadora, a companhia pretende centralizar a gestão energética de suas concessões de rodovias, metrôs, trens, VLTs e aeroportos, ampliando seu poder de negociação na compra de energia no mercado livre, ambiente em que grandes consumidores intensivos em energia podem escolher seus fornecedores e negociar contratos conforme fonte, prazo e preço.

A nova empresa se classifica como comercializadora de atacarejo e está em processo de cumprimento de etapas dentro da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e começa a operar já no início de 2026.

Além de gerir o próprio portfólio, a comercializadora também permitirá à Motiva vender energia a parceiros e fornecedores, como usinas de asfalto, criando uma frente de relacionamento comercial. A ideia é aproveitar a escala energética do grupo para oferecer melhores condições contratuais a empresas que prestam serviços à Motiva.

Uma das possibilidades é usar também os contratos de suprimento com a Motiva como garantia em transações entre as partes. Dessa forma, fornecedores poderão eliminar custos com garantias bancárias, tornando-se mais competitivos.

“Nossa primeira meta é a redução de custos e de sustentabilidade. Já atingimos em 2024, 100% de uso de energia renovável. A segunda é a redução de 27% das emissões do escopo 3 até 2033”, afirma.

A nova empresa também atuará na análise do balanço energético dos fornecedores, identificando oportunidades para reduzir despesas com eletricidade. A iniciativa se soma aos investimentos da Motiva em geração distribuída e na aquisição de certificados de energia renovável, reforçando sua estratégia de eficiência e sustentabilidade.

Recentemente a empresa também comprou a participação acionária em três sociedades de propósito específico (SPEs) em complexos eólicos da Neoenergia, na modalidade de autoprodução por equiparação para atender cerca de 70% da plataforma de trilhos.

O novo modelo de negócio ocorre em um contexto de abertura do mercado livre. Em 2024, todos os consumidores do chamado grupo A (grandes empresas ligadas em alta tensão) passaram a ter o direito de escolher seu fornecedor, e a expectativa é que o mercado seja totalmente aberto até 2028, incluindo os consumidores residenciais. O varejo, no entanto, é um plano só para o futuro.