23/09/2024 15h42
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A Moody’s Ratings informou que rebaixou a classificação de crédito familiar corporativa (CFR) da Azul S.A. de Caa1 para Caa2.
Ao mesmo tempo, rebaixou de Caa1 para B3 a classificação da dívida sênior garantida de primeira linha e de Caa1 para Caa2 a classificação das dívidas sênior garantidas da Azul Secured Finance LLP (Delaware), além de rebaixar de Caa2 para Caa3 a classificação das dívidas sênior não garantidas da Azul Investments LLP.
Também foi modificada a perspectiva para os emissores, alterada de positiva para negativa.
Justificativa das classificações
O rebaixamento das classificações da Azul reflete os resultados mais fracos que a empresa apresentou durante 2024 e o consequente consumo de caixa, o que aumentou os riscos de liquidez.
A Azul gerou R$ 1,2 bilhão em EBIT no primeiro semestre de 2024, mas as altas necessidades de capital de giro, o endividamento e os investimentos em capital resultaram em um consumo de caixa acumulado de R$ 1,2 bilhão no mesmo período.
A posição de caixa da Azul caiu para R$ 1,4 bilhão no final de junho de 2024, em comparação com cerca de R$ 1,9 bilhão no final de 2023, e a empresa tem R$ 5,9 bilhões em obrigações financeiras e de leasing vencendo no curto prazo.
Consequentemente, o risco de liquidez da Azul aumentou, e a empresa precisará buscar novas renegociações com os arrendadores e financiamentos adicionais para cobrir suas necessidades de liquidez.
A classificação Caa2 da família corporativa (CFR) da Azul reflete sua exposição à volatilidade da indústria aérea e aos crescentes riscos macroeconômicos, combinada com seus ainda fracos indicadores de crédito. A Azul possui um balanço altamente alavancado e uma fraca cobertura de juros, o que limita a geração de fluxo de caixa livre (FCF) da empresa.
A capacidade da empresa de levantar liquidez, refinanciar suas obrigações financeiras e controlar o consumo ou as necessidades de caixa continuará sendo fundamental para a avaliação de sua classificação.
Por fim, a classificação captura a exposição intrínseca da empresa à volatilidade cambial e aos preços do combustível.
A Azul tem uma posição de mercado única no Brasil (Ba2 positivo), sendo a única operadora em cerca de 80% de suas rotas, o que resulta em menor concorrência e forte poder de precificação. A capacidade da Azul de reduzir custos durante a pandemia e suas políticas financeiras conservadoras são fatores adicionais positivos de crédito.
A classificação também reflete a recuperação mais rápida do que o esperado no tráfego de passageiros no Brasil após a pandemia, além de uma concorrência e capacidade mais racionais no mercado brasileiro, o que permitiu às companhias aéreas aumentar as tarifas, mitigando o efeito dos preços mais altos do combustível de aviação e de outras pressões inflacionárias.
Liquidez
Em junho de 2024, a posição de caixa da Azul era de R$ 1,4 bilhão, o que era suficiente para cobrir cerca de 24% da dívida total de curto prazo da empresa (incluindo arrendamentos).
A empresa tem cerca de R$ 5,6 bilhões em pagamentos de leasing programados até o final de 2025, além de R$ 1,8 bilhão em dívidas a serem pagas até 2025.
A empresa possui aproximadamente R$ 1,4 bilhão em outras fontes potenciais de liquidez, como recebíveis de curto prazo e depósitos financiáveis, além de ativos livres de ônus que poderiam ser utilizados em transações de financiamento garantido.
A Moody’s Ratings estima que a geração de caixa operacional da Azul se recupere para algo entre R$ 3,5 e R$ 5 bilhões em 2024-25, enquanto a empresa gerenciará o fluxo de caixa postergando a entrega de aeronaves para reduzir os gastos de capital e gerenciar a geração de caixa.
No entanto, a empresa ainda precisará refinanciar os vencimentos de suas dívidas para evitar um consumo significativo de caixa nos próximos anos.