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Artigo

Modelos de Cadeia de Suprimentos

Mauricio Prieto

19/08/2021 06h03

Foto: Ilustrativa

Recentemente a consultoria McKinsey apresentou estudo sobre as transformações havidas nas cadeias de suprimentos de grandes empresas de varejo, especialmente no que respeita àquelas que comercializam bens de consumo embalados.

Mas, certamente, serve como reflexão a todos os que trabalham no meio logístico, uma vez que tem pontos de contato com as mais variadas modalidades de cadeias de suprimentos – e os operadores devem estar prontos a atender as novas demandas de seus clientes. O artigo, em inglês, pode ser acessado aqui.

O documento dá conta de que a pandemia da COVID-19 só fez acentuar a necessidade de adaptar as operações, uma vez que acelerou mudanças no comportamento dos consumidores.

Atualmente, clientes do varejo valorizam não só os atributos intrínsecos do produto (preço/qualidade) mas, de forma cada vez mais importante, a experiência geral da compra. Isso compreende a conveniência, a possibilidade de personalização, a economia e a, agora sempre presente, preocupação com a responsabilidade social.

Também influem nesse cenário a ocorrência de novos entrantes no mercado, que trazem modelos de negócio inovadores, além das estratégias de venda omnicanal e direta.

Dessa forma, cada organização tem buscado uma resposta diferente para essas novas demandas, de acordo com sua necessidade, aprimorando ou redesenhando seu modelo operacional. Esses movimentos passam por identificar seus pontos fortes e deficiências, além dos pontos mais críticos de sua cadeia, tudo no sentido de entregar o que os seus consumidores desejam.

Rapidez na identificação e na implementação dessas mudanças é o que determinará a situação futura da organização no mercado. O objetivo é que a empresa se torne mais resiliente, responsiva e ágil, o que pode ser traduzido por atender a alguns requisitos:

  • operar com lead times extremamente curtos;
  • encontrar meios de atender um mercado segmentado, seja por região ou categoria;
  • adquirir tecnologias e talentos orientados para atender às expectativas de customização dos clientes;
  • integrar a operação para que a experiência do cliente seja consistente em qualquer canal;
  • impulsionar o crescimento por meio da eficiência no controle de custos e na aplicação de recursos.

Em adição, os modelos de negócio devem ser orientados para a mudança constante e com qualquer origem, o que significa trabalhar pela flexibilidade, em várias frentes:

  • Responsividade - rapidez na tomada de decisão, seja localmente como institucionalmente;
  • Escalabilidade - fortalecimento da capacidade de integrar aquisições e expandir as opções omnicanal;
  • Eficiência - adaptação às mudanças dos negócios, mantendo ou melhorando a lucratividade;
  • Padronização - assegurar que as melhores práticas sejam compartilhadas por toda a empresa, mesmo em unidades de negócios menores e mais novas.

Nesse sentido, a consultoria identifica três grandes tendências de modelos operacionais:

- Modelo Centralizado

Controle integrado de planejamento, compras, manufatura e logística, em todas as unidades de negócio. Centralização da responsabilidade em um único executivo, de ponta a ponta da cadeia de suprimentos.

Mesmo novas aquisições se submetem a essa lógica administrativa e operacional. Abordagem indicada quando todas as unidades de negócios têm produtos ou clientes semelhantes, facilitando um alto grau de controle e eficiência de escala significativa. Pode limitar a responsividade a novas tendências, mas permite que as organizações respondam a disrupções de maneira coordenada e facilita a escalabilidade com economia de custos.

- Modelo descentralizado

Criação de redes distintas da cadeia de suprimentos para cada unidade de negócios ou região.

Em cada unidade de negócios, líderes operacionais têm liberdade para administrar sua própria cadeia de suprimentos, com total autonomia sobre a tomada de decisões – apesar de que, em alguns casos, um comitê de coordenação central pode definir políticas para toda a organização em áreas como padronização de qualidade e seleção de ERP.

Este modelo operacional se encaixa para aqueles que vendem produtos muito diferentes, para diferentes mercados finais ou diferentes bases de clientes, ou se têm pouca necessidade de coordenar atividades nas unidades de negócios.

A evidente vantagem sobre o modelo centralizado é ser mais rápido, ágil e responsivo às mudanças de preferências e comportamentos do consumidor em nível de marca ou unidade de negócios. No entanto, essa flexibilidade pode comprometer a padronização e, às vezes, da eficiência.

As empresas baseadas num modelo descentralizado são geralmente mais lentas para alterar o curso em nível empresarial (ou seja, em resposta às mudanças de condições que afetem empreendimento como um todo).

- Modelo híbrido

Neste modelo operacional alguns aspectos são controlados centralmente (normalmente tarefas estratégicas, como planejamento de rede), enquanto outros são tratados por unidades de negócios (usualmente aspectos locais, como logística regional).

As organizações geralmente escolhem um modelo operacional híbrido quando têm tecnologias de manufatura, portfólios regionais ou bases de clientes muito diferentes.

Por poder escolher quais aspectos serão centralizados e quais serão delegados, essas empresas podem equilibrar dimensões-chave para suas necessidades: as unidades de negócios podem tomar suas próprias decisões sobre manufatura, aumentando sua agilidade, enquanto capitalizam economias de escala por meio de compras ou operações logísticas centralizadas.

Seja qual for o modelo operacional que se selecione para determinada empresa, é certo que essa escolha deve estar vinculada, antes de mais nada, aos seus objetivos de longo prazo.

Esses objetivos definirão os limites para o modelo operacional futuro e os recursos que ele precisa fornecer.

Mas também os aspectos mais corriqueiros da sua operação devem ser levados em conta, como os trade-offs em relação aos princípios de projeto mais críticos para suas cadeias de suprimentos, planejando seus modelos operacionais de acordo com esses limitantes.

Mauricio Prieto é sócio diretor da Synerhgon, empresa de consultoria multidisciplinar com foco no resultado.- [email protected]

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