23/07/2025 07h57
Foto: Divulgação
Na Amazônia, Manaus deu início ao desenvolvimento do mais ambicioso projeto de resíduos sólidos -- e quer beneficiar pelo menos 2,5 milhões de pessoas, além de formalizar o trabalho de catadores informais.
Dentro de um modelo de Parcerias Público-Privadas (PPP), a iniciativa se propõe a unir inovação tecnológica, sustentabilidade e inclusão social e será leiloada na bolsa brasileira B3 em 206.
Após a assinatura do contrato, todas as estruturas devem ser implementadas até o final de 2028.
O contexto é desafiador: a capital amazonense produz cerca de 1 milhão de toneladas de lixo por ano e de duas a três mil toneladas diárias de resíduos domésticos, enquanto apenas 2% de todo lixo gerado é destinado para a reciclagem.
Com mais de 2,2 milhões de habitantes, há uma série de desafios estruturais severos no tratamento, reaproveitamento e financiamento da gestão de resíduos sólidos.
Na prática, a estrutura contempla um centro tecnológico equipado com triagem automatizada, aproveitamento energético por biogás, tratamento de chorume e sistema de coleta seletiva.
O objetivo é gerir o alto volume de resíduos gerados pela região metropolitana e evitar o descarte em lixões com potencial altamente poluente.
Inclusão de catadores
Os catadores são responsáveis por quase 90% do lixo reciclado no Brasil, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Neste cenário, existem mais de 800 mil catadores de materiais recicláveis, muitos trabalhando na informalidade e sem acesso a direitos básicos.
Segundo o prefeito David Almeida, o diferencial da parceria está no componente social: além da formalização dos catadores, inclui uma creche comunitária, uma escola ambiental e programas de capacitação profissional para famílias que hoje vivem da coleta informal.
Modelo replicável
Inspirado em soluções já aplicadas em outras cidades brasileiras e internacionais, o modelo de Manaus será apresentado diretamente a investidores na B3, com expectativa de atrair grupos interessados já na fase inicial.
Com apresentação prevista na COP30, que será realizada em Belém em novembro, o projeto busca se tornar referência para outros locais e 'vitrine' de sustentabilidade, justiça social e inovação na gestão pública de resíduos sólidos.
Fonte: Exame