18/10/2025 09h52
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Segundo o IBGE, o Brasil possui mais de 12 mil favelas, 7 mil localidades indígenas e 5 mil comunidades quilombolas, além de centenas de populações ribeirinhas e rurais, totalizando milhões de pessoas vivendo em regiões que podem ser de difícil acesso para recebimento de entregas. Pensando nisso, a Plug and Play enxergou oportunidades para atuar no mercado logístico em localizações restritas.
“Há grandes possibilidades de unir tecnologia e propósito para chegar a lugares que sempre enfrentaram dificuldades logísticas. Encontramos soluções que podem ser expandidas no Brasil e replicadas em qualquer país que enfrenta desigualdade territorial”, afirmou o CEO da Plug and Play Brazil, Igor Mazaki.
Nesse cenário, diversos fatores reforçam o potencial do setor de logística em regiões de difícil acesso nos próximos anos. O executivo citou, por exemplo, a pressão competitiva e fidelização de clientes.
Dessa forma, empresas que conseguirem entregar em regiões onde concorrentes não chegam têm vantagem de mercado. Consequentemente, garantir acesso logístico pode ser um diferencial estratégico na fidelização de clientes.
“A periferia e tantas outras comunidades que estão à margem da logística tradicional possuem poder de compra, bem mais do que muitos imaginam”, destacou.
Crescimento do e-commerce
O e-commerce brasileiro também pode influenciar para o surgimento dessas iniciativas. O setor movimentou R$ 225 bilhões em 2024, um crescimento de 311% nos últimos cinco anos, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
“Cada vez mais pessoas têm acesso ao comércio eletrônico e, naturalmente, isso significa que elas precisam receber suas compras, independentemente de onde estiverem”, afirmou o CEO da naPorta, Sanderson Pajeú. A naPorta participa do programa de aceleração da Plug and Play e já entregou mais de quatro milhões de encomendas em regiões restritas entre São Paulo e Rio de Janeiro.
Além disso, a startup gerou renda para mais de 1 mil moradores das comunidades e movimentou cerca de R$ 20 milhões dentro das favelas. Segundo a empresa, isso é possível por logística própria e atuação local via contratação de moradores da própria comunidade.
A naPorta também trabalha com o chamado “CEP Digital”, que utiliza a tecnologia Plus Codes do Google, de latitude e longitude, para identificar residências em regiões não mapeadas, permitindo que moradores recebam encomendas em casa e também acessem serviços essenciais como luz, internet e atendimento de emergência. De acordo com a empresa, a frente já impactou mais de 190 mil pessoas em 77 comunidades mapeadas.
“Em 2025, o objetivo é mapear mais de 100 comunidades”, destacou Sanderson Pajeú. “Atualmente, já são mais de 37 mil ‘CEPs Digitais’ e cerca de 250 mil pessoas impactadas diretamente”. A startup atua com entregadores locais e um modelo que inclui entregas agendadas, logística reversa e operação interestadual.