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Artigo

Inovação x Tecnologia x Logística

Sérgio Maia

06/11/2020 19h00

Foto: Divulgação

Inovação nem sempre precisa estar relacionada à tecnologia, na logística. O ato de inovar significa a necessidade de criar caminhos ou estratégias diferentes, aos habituais meios, para atingir determinado objetivo. Inovar é inventar, sejam ideias, processos, ferramentas ou serviços. Um simples ajuste no processo, um ganho de produtividade, um enxugamento de tarefas, pode também ser considerada uma inovação. E como na logística é importante estar sempre jogando no ataque, devido a pressão por melhores resultados e menores custos, pensar em inovar não pode ser esquecido pelo profissional de logística, pois a novidade pode trazer ganhos, sem gerar custos, além de reduzir tempo na execução de atividades sem precisar necessariamente estar atrelada ao investimento em alguma ferramenta tecnológica, por parte da empresa.

O mundo está diferente, a cultura da posse deu lugar ao uso, acessar é mais importante do que ter, usufruir tem mais valor que comprar e nem por isto a qualidade de vida das pessoas reduziu, ou seja novidades foram criadas muitas vezes apenas focando no que o ser humano possui de mais valioso, o pensamento. No setor de logística, não é diferente de outras áreas onde as empresas demandam profissionais que busquem inovações constantemente, pensem e tragam novas soluções que agreguem valor aos serviços ou produtos e melhor atendam aos clientes.

Em Helsinque, na Finlândia, há um plano para, até 2025, tornar a propriedade do automóvel desnecessária. Estamos falando de um plano ambicioso, que poderá impactar fortemente, inclusive a geografia da cidade, quanto à necessidade de estacionamentos e a mobilidade urbana. Para isto, é necessário, por exemplo, adensar as moradias junto aos locais de trabalho, além de reestruturar a logística de transportes, para que a necessidade do automóvel não seja tão importante. Além disso, é importante revisitar os modelos atuais e trazer inovações, inclusive que beneficiem e protejam o meio ambiente.

Empresas de vanguarda em logística já não compram mais frotas, terceirizam, alugam apenas pelo tempo de uso, mantendo o controle sobre as entregas, mas não a posse de nenhum veículo para o trabalho. Pagar pelo tempo que usamos as coisas, e nada mais, não deixa de ser uma inovação.

Não quero desprezar a inovação pautada na tecnologia, que ajuda muito a Logística, como equipamentos criados com robótica, Iot, Inteligência artificial, enfim...diversas inovações que facilitam muito o trabalho das operações, além de melhorarem a performance. O que busco neste pequeno artigo é provocar o pensamento e a geração de novas ideias, soluções simples e eficientes, que podem e devem ser usadas no setor de logística, com baixo custo, sem uso de tecnologia, ou até mesmo a custo zero.

As empresas e os gestores da área de logística devem estimular a geração de inovações, dando liberdade e responsabilidade às suas equipes para refletirem e revisitarem seus modos, processos de trabalho e atividades. Os líderes não sabem todas as respostas e soluções, inclusive muitas inovações disruptivas ocorrem com pequenas ações e passos incrementais os quais, muitas vezes, são imperceptíveis. A escuta ativa e criação do clima fértil para o pensamento, pode trazer inovações para a área, muitas vezes até de quem menos esperamos. Um estagiário por exemplo, pode ter uma ideia mais útil, rentável e interessante que um experiente diretor, desde que ele não se sinta desconfortável para trazer os novos pensamentos e novidades para o seu gestor, pois os líderes precisam escutar as mentes brilhantes e suas ideias e não inibir e gerar o medo nos colaboradores como se as novas ideias fossem ofuscar o seu cargo, ou função. Tem que arriscar, o clima de medo no trabalho não combina com o ambiente fértil para criação de novidades, que quando bem elaboradas são muito benvindas.

O que levará a logística para um novo patamar será fazer o diferente do que a trouxe até aqui. Não é por acaso que os mercados de nichos estão cada vez mais em evidência em detrimento dos mercados de massa, pois os clientes e consumidores estão ávidos por customizações, inovações, entregas quase imediatas e de baixo custo com alta eficiência nas soluções apresentadas pelos operadores.

Temos ciência que o amanhã será cheio de máquinas que substituirão trabalhos mais braçais e que envolvam rotinas, entretanto as máquinas e as tecnologias dificilmente conseguirão resolver novos problemas e trazer novas soluções. Muitos criadores de soluções tecnológicas garantem que as máquinas e as tecnologias mais modernas serão, em breve, os novos cérebros humanos, que aprendem, desaprendem, analisam, raciocinam e tomam decisões. Entretanto acredito que estas dificilmente conseguirão pensar como um ser humano, no que se refere aos seus sentimentos, capacidade de inovar, criar, de resiliência e de inovar de forma disruptiva.

Hoje, vivemos um período de abundância de informações. A internet é uma prova disto, e o profissional de logística deve ter foco, saber planejar, ter ideias novas e criativas, inclusive para transformar o que é escasso em acessível.

Um exemplo é o WhatsApp, uma descoberta que trouxe mudança radical nas telecomunicações, que transformou o escasso em abundante, inclusive exterminando o DDI, que era um serviço caro que inviabilizava o acesso, às ligações internacionais, pela maioria das pessoas.

O pensamento e a criação podem e devem ser estimulados com leitura, aulas, estudos, benchmark, como dizia o pensador Cortella: “Uma mente funciona melhor aberta, igual ao paraquedas”. As empresas de vanguarda precisam dar liberdade ao seu maior ativo, que são as mentes pensantes da organização, pois cada vez mais existirão diversos concorrentes qualificados, ferozes e ousados, preparados e pensando em soluções únicas, exclusivas e rentáveis para entregar aos seus clientes, com níveis de eficiência que beiram o estado da arte.

Nós profissionais do setor de logística não podemos entregar serviços medianos e sem inovações aos nossos clientes, com tantas soluções fantásticas e surpreendentes que surgem diariamente, com uma velocidade fantástica. Por isto, faço este convite e provocação aos leitores: que coloquem suas mentes voltadas ao trabalho criativo, que não deixem as poderosas tecnologias bloquearem seus pensamentos, mas que estas sejam utilizadas para maximizar resultados a partir de novos modelos ou procedimentos concebidos para melhor atender à clientela.

Hoje, uma pessoa simples no Quênia, com um smartphone nas mãos, acessa mais informações que o presidente Bill Clinton acessava quando governou os Estados Unidos na década de 90. As informações, Big Datas e montanhas de dados estão aí disponível para todos. Então, não temos desculpas para não pensar e construir soluções inovadoras.

A inquietude e vontade de aprender são combustíveis para o profissional atualizado do setor de logística. Causar transformações, mudar comportamentos ou interações, mantendo o foco na eficiência e eficácia dos serviços que tenham demanda, com certeza irá reduzir custos e trazer retorno financeiro.

Sérgio Maia - Gestor de Logística  - [email protected]