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Sustentabilidade

Iniciativa busca proteger a nascente do Rio Amazonas

Instituições se mobilizam para criar uma área de proteção ambiental no Nevado Mismi, Peru

23/03/2024 08h26

 Foto Bruna Martins

Sabendo da importância da água como um recurso essencial para a vida no planeta, desde a sobrevivência até o desenvolvimento econômico e social, a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), junto com o Serviço Nacional de Áreas Naturais Protegidas (Sernanp) do Governo do Peru e com apoio da Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (SDSN Amazônia), se mobilizam para promover a conservação e criar uma área de proteção ambiental no berço do Rio Amazonas, no Nevado  Mismi, localizado na região de Arequipa, no Peru.

Os esforços para a criação de uma área de proteção tiveram início em janeiro de 2014, quando, em uma expedição, o superintendente geral da FAS, Virgilio Viana, identificou a necessidade da conservação do local e apresentou a proposta ao Ministério do Meio Ambiente do Peru. O documento também foi apresentado durante a Cúpula da Amazônia, em agosto do ano passado, e no final de outubro de 2023,  uma reunião foi realizada em Arequipa para apresentar o projeto de estabelecimento da área de proteção do El Mismi.

O encontro teve o objetivo de construir uma aliança mais ampla para apoiar a iniciativa e mobilizar os recursos necessários para dar seguimento ao processo de criação da área de proteção, além de verificar recursos para proteger e apoiar o desenvolvimento sustentável das comunidades locais.

“A nossa visão, o nosso sonho, é que esse exemplo que está sendo criado no Mismi, possa servir de inspiração para outros locais da América Latina, outros locais da África, da Ásia, enfim, outros locais onde o derretimento do gelo das montanhas altas possa ser minorado por diversas soluções. Proteger a nascente do Amazonas é muito simbólico, não só porque é o rio mais extenso do mundo, é também um ato de justiça climática”, comenta Virgilio.

A área em que compreende a nascente do maior rio do mundo tem 28 mil hectares e se encontra ameaçada pelo processo de derretimento das geleiras causado pelas mudanças climáticas. Segundo dados do Instituto Nacional de Investigación en Glaciares y Ecosistemas de Montaña (Inaigem), o El Mismi corre o risco de desaparecer em 2027. Nos últimos 50 anos, o monte perdeu 99% de suas reservas glaciais, restando apenas 0,19 quilômetros quadrados.

O derretimento das geleiras tem consequências graves para as comunidades locais, como mudanças no regime hídrico das lagoas naturais e riachos, riscos de avalanches e inundações, e a probabilidade de contaminação por produtos químicos presentes na crosta de gelo e montanhas, ameaçando o ecossistema, os sistemas produtivos e a população.

“Temos que ter a consciência de que a nascente do rio Amazonas é uma das áreas mais importantes do mundo, um verdadeiro patrimônio natural da humanidade, que precisa ser protegido urgentemente. A região e as comunidades que nela vivem vêm sendo castigadas pelos efeitos das mudanças climáticas, que podem afetar de modo permanente e destrutivo toda uma população e trazer consequências para as outras regiões banhadas pelo rio Amazonas”, conclui Virgilio.