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Sustentabilidade

Incêndios geram emissões recorde de CO2 na América Latina

Especialistas associam quadro às mudanças climáticas, ao El Niño e ao agronegócio

29/02/2024 08h25

Foto: José Cruz - Agência Brasil

Segundo monitor climático da União Europeia, Brasil, Venezuela e Bolívia tiveram o pior mês de fevereiro em mais de duas décadas. Especialistas associam quadro às mudanças climáticas, ao El Niño e ao agronegócio. Incêndios florestais no Brasil, Venezuela e Bolívia geraram as maiores emissões de carbono em mais de vinte anos nos países latino-americanos para o mês de fevereiro, informou nesta quarta-feira (28/02) o Copernicus, monitor climático da União Europeia.

As queimadas que devastaram partes da América Latina nas últimas semanas foram intensificadas pela seca severa que atingiu a região.

As estimativas das emissões de carbono decorrentes dos incêndios florestais no Brasil, na Venezuela e na Bolívia foram de 4,1 milhões de toneladas, 5,2 milhões de toneladas, e 300 mil toneladas de carbono, respectivamente – em fevereiro de 2003, as emissões de carbono estimadas para cada país foram de 3,1 milhões de toneladas, 4,3 milhões de toneladas e 80 mil toneladas, respectivamente.

Segundo o Copernicus, a temporada de pico de incêndios florestais na Bolívia e na região amazônica como um todo geralmente era esperada para setembro e outubro.

Cientista sênior do Copernicus, Mark Parrington explica que a seca em muitas partes do continente latino fez aumentar o risco de incêndios, e relaciona as queimadas ao “aumento da poluição do ar em áreas povoadas”.

O Copernicus também constatou o aumento no número de incêndios durante a temporada de pico da seca.

Também em fevereiro, a Amazônia brasileira registrou 2.940 focos ativos de incêndio – um número recorde para esse mês do ano, e o pior da série histórica iniciada em 1999, segundo dados divulgados nesta quarta pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe).

A maior quantidade de incêndios foi registrada no estado de Roraima, que abriga a reserva indígena yanomami, com 2.001 focos ativos – em 2003, esse número foi de 2.605 para o ano inteiro.

Especialistas relacionam o quadro desolador às mudanças climáticas e ao desmatamento ilegal promovido pelo agronegócio.

Aquecimento global piorou secas

Alguns especialistas chegaram a associar a seca sem precedentes que castigou a bacia amazônica no ano passado – e que causou grandes incêndios, além de comprometer safras e o importante tráfego marítimo na região – ao fenômeno climático El Niño (aquecimento acima do normal da água do Pacífico Equatorial, na costa do Peru).

Um estudo recente do World Weather Attribution (WWA), porém, concluiu que o grande responsável pela seca foram as mudanças climáticas causadas pelas emissões de carbono, tornando-a 30 vezes mais provável de junho a novembro de 2023.

Fonte: AFP