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Gestão Pública

Governadores de 14 estados enviam carta ao presidente Bolsonaro

No documento, os gestores públicos pedem esforço internacional para mais vacinas e alegam que estão no "limite"

05/03/2021 09h12

Foto: Agência Brasil

Diante do agravamento dos casos de Covid-19 no país e da disseminação da nova variante brasileira do coronavírus, governadores de 14 estados pediram em carta enviada ao presidente Jair Bolsonaro, na quinta-feira (4), que o governo federal adote medidas e procure organismos internacionais a fim de adquirir mais doses de vacinas.

Os governadores alegam no documento que estão no "limite" e que a vacinação em massa "é a alternativa que se afigura como a mais recomendável, e, provavelmente, a única capaz de deter a pandemia".

"Neste momento, há novas, reais e importantes justificativas para que o Brasil obtenha, com celeridade, novas remessas de imunizantes, a principal delas é a chegada e a rápida disseminação, já no estágio de transmissão comunitária, da nova variante P1, que tem se revelado ainda mais letal, prejudicando os esforços para proteger a vida de nossas cidadãs e cidadãos, bem como de suas famílias", afirmam os governadores no documento.

"O mundo acompanha com preocupação o rápido avanço do contágio por essa variante no Brasil, o que torna o bloqueio da disseminação desse tipo de vírus matéria de interesse de diversas nações, inclusive porque outras variantes podem dela advir", acrescentaram.

Variante brasileira do Sars-Cov-2

Uma mutação suspeita de aumentar a transmissão do novo coronavírus já está presente nas amostras coletadas na maioria dos pacientes em seis de oito estados analisados, segundo nota da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

A mutação é a E484K, uma das alterações do vírus identificada na P.1, a variante brasileira do Sars-Cov-2. Ela também está presente em outras duas variantes que causam preocupação pelo mundo: a B.1.1.7, identificada no Reino Unido, e B.1.351, na África do Sul. As três são chamadas pelos especialistas de "variantes de preocupação".

Há suspeita de que ela ajude o Sars-Cov-2 a se tornar mais transmissível e ainda seja responsável pelo possível enfraquecimento da ação dos anticorpos humanos contra o vírus. Apesar das evidências, os cientistas ainda conduzem estudos sobre o impacto das novas variantes na pandemia.

Pesquisadores da Fiocruz desenvolveram um protocolo que identifica a E484K e analisaram mil amostras coletadas em fevereiro nos seguintes estados: Ceará, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Alagoas e Minas Gerais. Em dois deles, no Paraná e no Ceará, o índice de prevalência da mutação superou os 70% nas amostras.

A Fiocruz aponta que, embora o teste seja capaz de detectar uma mutação comum a três variantes, "há indicações de que a prevalência que está sendo observada nos estados esteja associada à P.1, uma vez que as outras duas variantes não têm sido detectadas de forma expressiva no território brasileiro".

Novo protocolo de análise

A Fiocruz Amazonas foi responsável pelo desenvolvimento da metodologia que permitiu a análise. Ela é baseada em um novo protocolo do teste RT-PCR, que coleta amostra da mucosa com um cotonete e é capaz de identificar a presença da mudança no código genético do vírus.

"O novo protocolo de RT-PCR já havia sido testado em janeiro, em 500 amostras do Amazonas, onde a taxa de prevalência da variante foi de 71%."

Fonte: G1