23/10/2025 09h47
Foto: Divulgação
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou, nesta quinta-feira (23), que as expectativas ainda estão fora da meta, mas que há um processo de desaceleração da inflação. Reiterou, na sequência, que, para produzir essa convergência, o cenário atual demanda que a taxa de juros permaneça em um nível elevado e restritivo por um período prolongado. Ele participou do Fórum Econômico Indonésia Brasil, promovido pela ApexBrasil, em Jacarta, na Indonésia.
Galípolo também disse que a inflação brasileira está relativamente controlada, mas frisou que o Banco Central está “bastante incomodado pelo fato de que ela ainda não está na meta”.
“A inflação e as expectativas seguem fora do que é a meta. Isso é um ponto de bastante incômodo para o Banco Central, mas estamos falando de uma inflação que está em um processo de redução e retorno para a meta, em função de um Banco Central que vem se mostrando sempre bastante diligente e tempestivo no combate a qualquer tipo de processo inflacionário. Como eu comentei, ainda as expectativas estão fora da meta, mas num processo de desaceleração da inflação”, afirmou.
O banqueiro central detalhou que houve um repique da inflação no início do ano, associado a um processo de desvalorização cambial e mercado de trabalho e consumo bastante aquecidos, mas ponderou que o núcleo da inflação de alimentos está gradativamente caindo. “Quando a gente olha para esse tipo de medidor, que é uma média trimestral dessazonalizada, a gente percebe um processo de desinflação bastante acentuado e rápido, já devolvendo a inflação para níveis mais em torno da meta, quando a gente compara com o que a gente tinha no começo.”
Galípolo também enfatizou que esse processo ocorre em um cenário no qual a economia brasileira passa por um ciclo de crescimento contínuo, com revisões sistemáticas das previsões dos economistas para o crescimento econômico. Ressaltou ainda que em 2025, o País deve registrar seu melhor índice de bem-estar econômico desde que foi iniciado o sistema de metas de inflação.
“Estamos com um nível de inflação que, apesar de fora da meta, o que demanda o Banco Central permanecer com uma taxa de juros num patamar elevado e restritivo por um período prolongado para que a gente possa produzir essa convergência, mas conseguindo combinar um nível baixo de desemprego, crescimento positivo e uma inflação que está, olhando para níveis históricos, dentro de um patamar baixo, quando a gente compara com níveis históricos do Brasil.”
Mercado de consumo no Brasil
Para Gabriel Galípolo, este é um momento favorável para investidores entrarem no mercado de consumo no Brasil. Ele detalhou que, depois de ter atingido um pico durante a pandemia, a taxa de desemprego no País está em queda e chegou ao menor índice de toda a série histórica, em 5,8%. Ao mesmo tempo, disse, há uma máxima histórica da renda.
“Isso, obviamente, mostra um mercado de trabalho que está bastante aquecido, de uma economia que vem crescendo acima de 3% e próxima de 4% já há quatro anos, surpreendendo, vindo de várias revisões das projeções dos economistas, crescendo acima dessas projeções e crescendo acima daquilo, inclusive, que os economistas imaginam ser o PIB potencial, o crescimento potencial do PIB para o País”, disse, ao discursar no Fórum Econômico Indonésia Brasil, promovido pela ApexBrasil, em Jacarta, na Indonésia.
Crescer de maneira sustentável
O presidente do Banco Central afirmou também que o Brasil passa por um ciclo de crescimento contínuo, mas que esse movimento se deve muito mais à inserção de novos fatores de produção na economia do que efetivamente a um ganho de produtividade disseminado no sistema econômico brasileiro. Na sequência, defendeu que o aumento dos ganhos de produtividade é o caminho para que o País possa crescer de maneira mais sustentável, por um prazo mais longo.
“É possível, sim, a gente observar ganhos de produtividade em uma série de setores, como foi dito aqui antes, especialmente no setor agro e no setor de commodities. O Brasil consegue observar e enxergar ganhos de produtividade, mas, ainda, o crescimento se dá predominantemente por um aumento da participação na força de trabalho e uma redução do desemprego”, ponderou, ao discursar no Fórum Econômico Indonésia Brasil, promovido pela ApexBrasil, em Jacarta, na Indonésia.
Galípolo afirmou que o crescimento como ocorre hoje no País é desejável, mas frisou ser difícil sustentá-lo, uma vez que haverá um momento de esgotamento da inclusão desses novos fatores de produção.
“O caminho para que a gente possa crescer de maneira sustentável, por um prazo mais longo, é que a gente possa assistir ganhos de produtividade na nossa economia. Que o crescimento se dê, não simplesmente pelo emprego de mais fatores de produção, mas porque os fatores de produção conseguem produzir mais”, emendou. Esse movimento, disse o banqueiro central, depende de o País ter mais parcerias com outros países, de pesquisa, tecnologia, desenvolvimento e investimento.
Ao encerrar sua fala, pontuou ainda que Brasil e Indonésia têm muitas semelhanças nesse sentido. Disse que são dois países que estão em busca de aumentar a complexidade de suas cadeias produtivas, que têm vantagens “bastante especiais” quando comparadas ao resto do mundo, em termos de população e recursos naturais.
Fonte: Estadão Conteúdo