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Economia

FMI eleva previsão de crescimento global para 2025

Fundo alerta sobre tarifas que podem elevar as taxas de juros e restringir as condições financeiras globais

29/07/2025 15h13

Foto: Ilustrativa

O FMI elevou ligeiramente nesta terça-feira (29) sua previsão de crescimento global para 2025 e 2026 devido às compras mais fortes do que o esperado antes do aumento das tarifas dos Estados Unidos em 1º de agosto e da queda da taxa tarifária efetiva dos EUA de 24,4% para 17,3%.

No entanto, o Fundo advertiu que a economia global enfrenta riscos importantes e contínuos, incluindo um possível rebote das tarifas, tensões geopolíticas e déficits fiscais maiores que podem elevar as taxas de juros e restringir as condições financeiras globais.

"A economia mundial ainda está sofrendo, e continuará sofrendo com as tarifas nesse nível, embora não seja tão ruim quanto poderia ter sido", disse Pierre-Olivier Gourinchas, economista-chefe do Fundo Monetário Internacional.

O FMI elevou sua previsão global para 2025 em 0,2 ponto percentual, para 3,0%, e para 2026 houve alta de 0,1 ponto, para 3,1%. A estimativa fica abaixo do crescimento de 3,3% que havia projetado para ambos os anos em janeiro e da média histórica pré-pandemia de 3,7%.

O Fundo disse que a inflação global deverá cair para 4,2% em 2024 e 3,6% em 2026, mas observou que o aumento dos preços provavelmente permanecerá acima da meta nos Estados Unidos, uma vez que as tarifas serão repassadas aos consumidores norte-americanos no segundo semestre do ano.

A taxa tarifária efetiva dos EUA - medida pela receita dos impostos de importação como proporção das importações de mercadorias - caiu desde abril, mas continua muito acima do nível estimado de 2,5% no início de janeiro.

A taxa tarifária correspondente para o resto do mundo é de 3,5%, em comparação com 4,1% em abril, informou o FMI.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alterou o comércio global ao impor uma tarifa universal de 10% a quase todos os países a partir de abril e ameaçar com tarifas ainda mais altas a serem aplicadas na sexta-feira.

As tarifas retaliatórias muito mais altas impostas pelos EUA e pela China foram suspensas até 12 de agosto, e as negociações em Estocolmo nesta semana podem levar a uma nova prorrogação.

Os Estados Unidos também anunciaram tarifas elevadas que variam de 25% a 50% sobre automóveis, aço e outros metais, com taxas mais altas ainda pendentes sobre produtos farmacêuticos, madeira e chips semicondutores.

Esses futuros aumentos tarifários não estão refletidos nos números do FMI e podem elevar ainda mais as taxas efetivas, criar gargalos e amplificar o efeito das tarifas mais altas, afirmou o FMI.

Mudanças

Os novos acordos firmados pelos EUA com a União Europeia e o Japão chegaram tarde demais para serem considerados na previsão de julho do Fundo.

As simulações da equipe mostraram que o crescimento global em 2025 seria cerca de 0,2 ponto percentual menor se as tarifas máximas anunciadas em abril e julho forem implementadas, informou o FMI.

As taxas tarifárias em constante mudança causaram incertezas que deprimiram os fluxos de investimento e mantiveram os mercados cautelosos, embora dois novos acordos de 15% firmados por Washington com o Japão e a União Europeia na semana passada tenham proporcionado maior clareza sobre uma grande parte do comércio global.

O FMI disse que a economia global está se mostrando resiliente por enquanto, mas a incerteza continua elevada. Ele disse que a composição da atividade aponta para "distorções do comércio, em vez de robustez subjacente".

Gourinchas disse que a perspectiva para este ano foi ajudada pelo que ele chamou de "uma quantidade tremenda" de antecipação às tarifas pelas empresas, mas que o impulso de acúmulo de estoques não durará.

"Isso vai desaparecer", disse ele, acrescentando: "Isso será um entrave para a atividade econômica na segunda metade do ano e em 2026. Haverá um retorno por essa antecipação, e esse é um dos riscos que enfrentamos."

A expectativa é de que as tarifas permaneçam altas, e já há sinais de que os preços ao consumidor dos EUA estão começando a subir, disse ele.

"A tarifa subjacente é muito mais alta do que era em janeiro, fevereiro. Se isso permanecer, e há indicações de que permanecerá em um nível próximo ao que estamos projetando, isso pesará sobre o crescimento daqui para frente, contribuindo para um desempenho global realmente sem brilho."

Um fator incomum tem sido a desvalorização do dólar, não observada durante as tensões comerciais anteriores, disse Gourinchas, observando que o dólar mais baixo estava aumentando o choque tarifário para outros países, ao mesmo tempo em que ajudava a aliviar as condições financeiras.

O crescimento dos EUA foi estimado em 1,9% em 2025, um aumento de 0,1 ponto percentual em relação à perspectiva de abril, chegando a 2% em 2026.

Uma nova lei de corte de impostos e gastos dos EUA deverá aumentar o déficit fiscal do país em 1,5 ponto percentual, com as receitas tarifárias compensando isso em cerca de metade, disse o FMI.

O Fundo ainda elevou sua previsão para a zona do euro em 2025 em 0,2 ponto percentual, para 1,0%, e deixou a previsão para 2026 inalterada em 1,2%.

O FMI disse que a revisão para cima refletiu um aumento historicamente grande nas exportações farmacêuticas irlandesas para os Estados Unidos -- sem isso, a revisão teria sido a metade do valor.

As perspectivas da China receberam um aumento maior, de 0,8 ponto percentual, refletindo uma atividade mais forte do que o esperado no primeiro semestre do ano e a redução significativa das tarifas entre os EUA e a China depois que os países declararam uma trégua temporária.

O FMI aumentou sua previsão para o crescimento chinês em 2026 em 0,2 ponto percentual, para 4,2%.

De modo geral, o FMI prevê que o crescimento atinja 4,1% nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento em 2025 e 4,0% em 2026, informou.

O FMI revisou para cima sua previsão para o comércio mundial em 0,9 ponto percentual, para 2,6%, mas cortou sua previsão para 2026 em 0,6 ponto percentual, para 1,9%.

Fonte: CNN