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Transporte Aéreo

Boeing vai aposentar o caça a jato de ‘Top Gun’

Após 40 anos, fabricante vai encerrar a produção do Super Hornet Combat para se dedicar a novas aeronaves militares

24/02/2023 13h29

Foto: Divulgação 

A Boeing vai encerrar a produção de seu F/A-18 Super Hornet, o caça a jato que encantou o público do filme 'Top Gun: Maverick', estrelado por Tom Cruise, após mais de duas mil entregas em 40 anos. A decisão é para se concentrar em outras aeronaves militares.

E, na linha de jatos comerciais, a empresa americana enfrenta um revés no seu 787 Dreamliner, cujas entregas serão suspensas após problemas na documentação.

A gigante aeroespacial vai parar de fabricar os caças que ganharam as telas no filme de Tom Cruise depois de entregar o último Super Hornet à Marinha dos Estados Unidos no fim de 2025, de acordo com um comunicado divulgado pela empresa. A Boeing espera transferir os 1.500 trabalhadores que fazem parte da equipe de fabricação do jato – de mecânicos a funcionários administrativos – para outros programas de aeronaves militares, como o T-7, disse uma porta-voz.

A decisão de fechar a linha de montagem do Super Hornet liberará recursos para apoiar novos programas de aeronaves militares, acrescentou a Boeing. A fabricante de aviões planeja expandir a força de trabalho em seu centro de defesa de St. Louis nos próximos cinco anos e construir três novas instalações para aeronaves tripuladas e não tripuladas.

Uma porta-voz da Boeing não quis dar detalhes sobre os aviões que planeja construir nas novas instalações, mas observou que a empresa trabalha em programas confidenciais para o governo dos EUA, bem como para o braço secreto de pesquisa Phantom Works da empresa na região.

O Super Hornet é a segunda aeronave da Boeing a se aposentar neste mês, depois que a fabricante de aviões com sede em Arlington, no estado de Virgínia, entregou seu último jumbo 747 no dia 1º de fevereiro. O caça tem sido uma franquia importante para a divisão de defesa da Boeing desde que a empresa se fundiu com a McDonnell Douglas em 1997.

Originalmente desenvolvido pela McDonnell Douglas na década de 1970, o F/A-18 Hornet foi a primeira aeronave a ter asas de fibra de carbono e o primeiro caça a jato tático equipado com controles fly-by-wire digitais. Os Hornets entraram na ativa em 1983 e realizaram suas primeiras missões de combate três anos depois no USS Coral Sea.

Os combatentes desempenharam papéis importantes durante a Guerra do Golfo Pérsico de 1991 e forneceram cobertura ininterrupta do campo de batalha no Afeganistão uma década depois.

O Super Hornet, uma versão maior com motores mais potentes, começou a operar em 1999. Ambos os modelos dos caças foram os aviões de de carga que decolavam dos conveses dos porta-aviões da Marinha dos EUA e pilotados pelo esquadrão de demonstração de voo Blue Angels.

Os jatos acabaram sendo ofuscados pelo mais novo F-35 da Lockheed Martin Corp. As vendas do Super Hornet diminuíram nos últimos anos, com clientes em potencial como Alemanha e Canadá optando pelos caças Lockheed mais avançados, disse o consultor aeroespacial Richard Aboulafia.

Enquanto a Boeing ainda está competindo para vender caças F/A-18 para a Índia, o caça Rafale, da França, vem sendo considerado o favorito, disse Aboulafia. A Boeing já afirmou que se a Marinha indiana selecionar seu avião, poderá continuar fabricando os Super Hornets por mais dois anos.

Entregas do Dreeamliner suspensas

A Boeing interrompeu as entregas do 787 Dreamliner devido a um problema de documentação com um componente da fuselagem, o mais recente revés para a fabricante de aviões.

O problema decorre de um erro de análise de um fornecedor relacionado à antepara de pressão dianteira do 787, diz um comunicado da empresa. A Boeing descobriu o problema na documentação de certificação fornecida à Administração Federal de Aviação (FAA) e notificou o órgão regulador dos EUA.

A produção do Dreamliner continua enquanto a Boeing trabalha para resolver o problema, que a empresa disse não representar uma “preocupação imediata de segurança de voo para a frota em serviço”. A Boeing não espera nenhuma mudança em suas metas de produção e entregas de 2023 para o avião, embora as entregas sejam afetadas no curto prazo, afirmou.

Após o anúncio feito pela gigante da aviação, as ações da Boeing caíram 1,6% durante a noite em Nova York.

A empresa não entrega um 787 desde 26 de janeiro, segundo dados da Ascend by Cirium. Esta última interrupção na entrega provavelmente será um problema de curto prazo, de acordo com Cai von Rumohr, analista da Cowen & Co.

“Nosso entendimento é que o erro é uma 'não conformidade' com os requisitos de documentação da FAA e não uma 'não conformidade' com uma especificação de fabricação”, disse von Rumohr em nota aos clientes, que identificaram o fornecedor como sendo provavelmente a Spirit AeroSystems.

Em um comunicado separado, a FAA ressaltou que as entregas não serão retomadas até que o problema seja resolvido.