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Entrevista

Atenta a parcerias, Hidrovias do Brasil destaca potencial do Arco

O CEO Fabio Schettino fala dos projetos e de potenciais aquisições e parcerias da empresa

10/10/2021 23h00

Foto: Divulgação

Em linha com a aquisição recente da Imperial Shipping, no Paraguai, a empresa de logística Hidrovias do Brasil mantém sempre ativo um pipeline de projetos e de potenciais aquisições e parcerias em meio ao “grande potencial” do transporte hidroviário e à expectativa de continuidade do fluxo elevado de grãos carregado no chamado Arco Norte, afirmou o CEO, Fabio Schettino, em entrevista ao Mercado News.

O Arco Norte representa o corredor logístico por meio do qual as cargas agrícolas de Mato Grosso – principal estado produtor de grãos do Brasil – seguem viagem para exportação pela rodovia BR-163, até o transbordo de hidrovia, no qual a companhia opera, no Pará, para prosseguir de barcaça nos rios até os portos dos estados do Norte do País.

Atualmente, este corredor está sendo responsável por cerca de 52% da exportação de grãos do Mato Grosso e, segundo o CEO da Hidrovias do Brasil, a tendência é de crescimento. Ele cita projeções de que a importação mundial de soja e milho deve chegar a 90 milhões de toneladas adicionais até 2030. “Deste volume adicional, praticamente a metade virá do Brasil e o Mato Grosso será a principal área produtora”, contou.

A empresa também opera o Corredor Logístico Sul por meio da hidrovia Paraguai-Paraná, que transporta minério de ferro. E mesmo com uma “seca histórica”, a companhia conseguiu elevar sua participação de mercado para 80%, na esteira da compra da Imperial.

Os temas aquisições e parcerias estão no radar da empresa. Diante do projeto Ferrogrão, ferrovia que tende a concorrer com os caminhões da BR-163 no Arco Norte, a Hidrovias do Brasil realizou uma parceria com a VLI, visando desenvolver uma solução logística multimodal para o projeto. Além disso, há também um contrato com a Weg para a construção dos primeiros empurradores de manobra elétricos do mundo que, segundo Schettino, deverão ficar prontos em 2022 e irão atuar na região amazônica.

A seguir, leia a entrevista completa:

Como a seca tem afetado a empresa e suas operações?

Vale ressaltar que, desde sua concepção, a companhia tomou a decisão estratégica de não operar em hidrovias em que conflita com a geração de energia. Por isso, hoje, nossa operação no corredor norte segue normalmente sem problema de calado no rio.

Em relação aos níveis de água no Corredor Sul, hoje a hidrovia Paraguai-paraná está sofrendo com uma seca histórica e fora da normalidade e as operações estão ainda restritas, principalmente no trecho norte do corredor Paraná-Paraguai, por onde transportamos minério de ferro. Apesar do cenário desafiador, a empresa aumentou sua participação de mercado na região para 80%, um nível recorde que pode ser explicado pela frota diferenciada da empresa, após a aquisição da Imperial, que permite a navegação em rios com níveis de calado mais baixos.

Como a PL do estímulo à cabotagem pode impactar a Hidrovias do Brasil?

Todo projeto que vem para fomentar a competição, concorrência e abertura de mercado vai ter o apoio da Hidrovias, nós somos o reflexo disso, a Hidrovias existe por causa disso. O BR do Mar é um projeto que tem a intenção de trazer mais competitividade e dinamismo e que possa fazer crescer a cabotagem, já que o Brasil tem 8 mil km de costa. Ainda precisamos avançar mais nas discussões, e acredito que alguns pontos possam ser revistos, para assim termos o melhor cenário para a cabotagem brasileira.

O projeto ferroviário Ferrogrão encara desafios de impactos socioambientais. A empresa trabalha com a hipótese de a obra não sair do papel? O que representaria para a Hidrovias do Brasil caso a Ferrogrão não saísse do papel?

Reconhecemos que o Ministério da Infraestrutura está empenhado em viabilizar uma solução ainda mais competitiva para a logística do corredor norte, por meio da Ferrogrão, fazendo do Brasil uma potência ainda maior na exportação de grãos.

A Ferrogrão tem a capacidade de melhorar toda a rentabilidade da cadeia exportadora ao diminuir significativamente o custo do transporte dos grãos até os terminais de transbordo. Todo projeto que tem o objetivo de melhorar a logística brasileira e viabiliza a multimodalidade terá o nosso apoio. Por isso, recentemente anunciamos uma parceria com a VLI no qual uniremos nossas respectivas expertises para desenvolver um estudo de uma solução logística multimodal para a Ferrogrão.

Continuaremos nos debruçando sobre os fundamentos do projeto e apoiando, naquilo que estiver ao nosso alcance, a viabilização do projeto da Ferrogrão.

Quais os projetos que a empresa tem no radar, para aumentar sua eficiência logística?

A empresa está sempre atenta às oportunidades, tanto no Brasil, quanto na América do Sul. Mantemos um pipeline de projetos e de potenciais aquisições sempre ativo na companhia e esse vai ser um vetor de crescimento no futuro.

Recentemente divulgamos uma diversificação de nossa atuação geográfica para Porto Velho (RO), onde poderemos atender o oeste e o noroeste do Mato Grosso para fazer o transporte de grãos. Do ponto de vista de transporte de carga, estamos olhando para papel e celulose no Brasil e também para Gás Natural Liquefeito (GNL), pois vai haver uma tendência de substituição de óleo diesel na geração de energia estacionária na Amazônia em pequenas e médias cidades que não são ligadas às linhas de transmissão. Vai haver um movimento para usar energia mais limpa, e o GNL é forte candidato para isso. E também estamos analisando o transporte de biocombustível na Hidrovia Paraguai-Paraná.

Há a intenção de aquisições ou fusões?

Sempre estamos mapeando as oportunidades de novas aquisições de empresas com bons ativos operacionais e com sinergias com nosso negócio, como foi no caso da compra da Imperial Shipping no Paraguai, em que agregamos para a nossa frota 7 empurradores troncais e 84 barcaças. A aquisição da operação da Imperial na América Latina nos traz, além do aumento da capacidade de transporte, maior flexibilidade operacional.

Todas as embarcações adquiridas são de baixo calado, ou seja, nos permitem diversificar as rotas em que já atuamos hoje. O contrato também contempla a concessão do Porto Baden, em Concepción, que será administrado em modelo de joint-venture. Em resumo, a companhia estará sempre atenta a capturar oportunidades de crescimento através de fusões e/ou aquisições que sejam vantajosas para agregar valor ao seu modelo de negócio.

Alguma novidade sobre a parceria com a Weg, para construção de embarcações elétricas?

Anunciamos no primeiro semestre, assinatura de contrato para construir os primeiros empurradores de manobra elétricos do mundo, feito pela Hidrovias do Brasil em parceria com o estaleiro Belov, localizado na Bahia, com a Weg e com o escritório de projeto naval Robert Allan, no Canadá. As embarcações deverão ficar prontas em 2022 e irão atuar na região amazônica e estão nesse momento em construção.

Um dos grandes – se não o maior – vetores de negócios da Hidrovias do Brasil é a produção de grãos para exportação do Mato Grosso. Qual a perspectiva para esse segmento, uma vez que há a competição com o modal logístico ferroviário para o Porto de Santos?

Quando olhamos o histórico, o Arco Norte representava em 2014, menos de 20% da exportação do Mato Grosso e hoje representa cerca de 52%. Ou seja, mais da metade do grão que é exportado do MT já sai pelo Arco Norte e a tendência é de crescimento, onde segundo projeções, a importação mundial de soja e milho continuará crescendo nos próximos anos, devendo chegar a 90 milhões de toneladas adicionais até 2030. Deste volume adicional, praticamente a metade virá do Brasil e o Mato Grosso será a principal área produtora.

Vocês enxergam novas parcerias se formando em breve, a exemplo da com a VLI S.A neste ano?

A missão da Hidrovias do Brasil é promover uma solução de logística integrada, independente e sustentável, desenvolvendo um transporte ambientalmente e socialmente responsável, apoiada em valores éticos no relacionamento com todos os seus públicos. O transporte hidroviário é subaproveitado no Brasil e tem grande potencial.

A Hidrovias do Brasil surge para desenvolver ainda mais esse modal, aproveitando da maior eficiência desse tipo de logística, especialmente no transporte de cargas a granel, por longas distâncias e em grandes volumes. Por isso, sempre estamos atentos e abertos à novas parcerias que façam sentido com os objetivos da companhia.

Publicado no Mercado News