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Artigo

As obras inacabadas da Bahia

Adary Oliveira

10/03/2022 06h01

Foto: Elói Corrêa - GOVBA

Em agosto de 2018 publiquei um artigo comentando sobre sete obras inacabadas do Estado da Bahia: Ferrovia de Integração Oeste Leste (Fiol); Porto Sul; Ampliação do Porto de Aratu-Candeias; Ampliação do Terminal de Contêineres do Porto de Salvador; Recuperação da Hidrovia do São Francisco; Extensão das linhas de transmissão de eletricidade; e Ponte Salvador-Itaparica. Passados quase quatro anos pouco desses projetos avançaram ou foram acabados.

A Fiol está longe de ser concluída, embora a concessão do trecho que vai do litoral à Brumado tenha sido entregue à Bahia Mineração (Bamin). A empresa precisa da ferrovia para escoamento da sua produção de minério de ferro e sem o porto para embarque de nada adiantará a ferrovia. Então, a construção da Fiol e do Porto Sul encontrou solução parcial para andamento, viabilizando a realização de outros projetos menores no trajeto. A ampliação do Porto de Aratu-Candeias não consegue progredir fisicamente, sendo difícil superar todos os entraves burocráticos. Uma solução de mais curto prazo seria negociar com a Acelen, nova operadora do Temadre, a liberação desse terminal marítimo para movimentação de cargas de terceiros. Existe no terminal espaço para aumento da movimentação de granéis líquidos e isso reduziria os dispêndios das empresas que utilizam o Porto de Aratu-Candeias.

A ampliação do terminal de contêineres do Porto de Salvador foi adiantada, restando pouco para implantação do aterro dos pátios das áreas primárias. O aumento do volume operacional desse porto logo se fez sentir, beneficiando toda a região. Ele tem tudo para se tornar o gateway do Nordeste e do Brasil, por estar localizado nas águas abrigadas da Baía de Todos os Santos e situar-se no meio da costa brasileira. Dos sete projetos apontados no artigo de 2018, os quatro primeiros aqui comentados estão sob o comando da iniciativa privada e devem continuar indo em frente. Os outros três dependem mais de ações do governo. Embora não tenham alcançado a velocidade desejada, as linhas de transmissão estão sendo ampliadas. Quanto aos projetos da Recuperação da Hidrovia do Rio São Francisco e da construção da Ponte Salvador-Itaparica, não se tem notícia do início do cravamento das estacas.

Aproveito para comentar um outro projeto de grande importância para o desenvolvimento do estado que se iniciou na Bahia e, com o tempo, deslocou-se para outras regiões. Refiro-me à instalação de Terminais de Regaseificação (TR) no litoral para aproveitamento da crescente oferta mundial de Gás Natural Liquefeito (GNL). Os três primeiros navios regaseificadores que foram trazidos para o Brasil se fixaram na costa do Ceará, Bahia e Rio de Janeiro. Além desses três estão em funcionamento mais um no Rio, um em Sergipe e outro em Pernambuco. Considerando esses que estão funcionando e outros que estão sendo projetados e em fase de implantação teremos em breve 19 TRs. Nenhum dos novos na Bahia.

O gás natural, como se sabe, é usado como combustível na geração de calor e eletricidade, na produção do gás de síntese para ser empregado como redutor siderúrgico e na fabricação de inúmeros produtos químicos, sendo considerado um excelente indutor paras a industrialização. O excesso de oferta existente hoje projeta uma diminuição do seu preço e a instalação de TRs é recomendada pelos escritos que sugerem medidas de promoção do desenvolvimento. A Bahia poderia aproveitar a vantagem de sua localização estratégica e, pelo fato de estar ligada à rede nacional de gasodutos, indo do Ceará ao Rio Grande do Sul, estendendo-se de São Paulo à Bolívia, e estudar alternativas locacionais capazes de atrair os fornecedores de GNL. Lugares como o cais da antiga Cimento Aratu, Ponta da Sapoca, Ponta do Ferrolho, Porto de Campinhos, Porto Sul (projeto) e Porto de Ilhéus, todos dotados de cais e alguns com dutos integrados à rede de gasodutos nacionais, deveriam ser estudados para essa finalidade.

Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr) – [email protected]

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