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Artigo

Árvores são muito mais que um ativo em uma tabela

Juliana Russar e Rafael Fernandes

21/09/2021 09h00

Foto: Divulgação

Para ter um dia só dela, com certeza a árvore tem um grande valor, um valor que vai além da sua importância para a sustentação da vida no planeta, e ganha força por sua importância na neutralização das emissões de gases do efeito estufa e captura de carbono na atmosfera. Mas será que não há algo que se perdeu no meio desse caminho?

O comprometimento das nações em reduzir e neutralizar as emissões de carbono até a metade deste século será uma das pautas prioritárias da COP-26, conferência que reúne 197 países para discutir o enfrentamento conjunto à crise climática.

Governos e empresas, no Brasil e no mundo, estão declarando seu compromisso de serem "carbono neutras": São Paulo, Rio de Janeiro, Apple e Microsoft são exemplos desse movimento. Por conta disso, os investimentos neste ramo têm crescido, com projeções de chegar a US$ 100 bilhões ao ano até 2050.

O que nem sempre entra nessa conta é o investimento para incluir a sociedade neste debate. Para além dos esforços das empresas e governos em neutralizar suas emissões, é fundamental que as pessoas entendam a gravidade da crise climática, o papel essencial das árvores como parte da solução e entendam sua relação com elas. E isso é possível por meio da educação.

A educação climática é o principal meio para uma sociedade mais consciente, possibilitando na teoria e na prática aprofundar a relação com o meio ambiente, o desenvolvimento de uma responsabilidade socioambiental e ainda estreitar os laços entre a comunidade, que estará consciente e ativa para contribuir no enfrentamento da crise climática.

Essa é uma discussão que passa por acesso à educação de qualidade, ainda mais em um país como o Brasil em que 52% das pessoas entre 25 e 64 anos não concluíram o ensino médio. Como já dizia Paulo Freire: "Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo".

A transição para um mundo em que empresas, governos e sociedade estejam mais engajados não pode começar sem que esta última esteja preparada e interessada. Até quando atores interessados em descarbonização vão ficar mostrando apresentações e dados para convertidos, ou seja, para quem já faz parte da discussão? O investimento em educação deve ser tão importante e urgente quanto os investimentos em neutralizar as emissões de gases de efeito estufa.

E não é por falta de iniciativas, organizações e movimentos como a Plant-for-the-Planet, Escolas pelo clima, Youth Climate Leaders (YCL), The Climate Reality Project Brasil, Engajamundo, Viração, já atuam ativamente com educação climática, por meio de processos formativos para o real entendimento e experienciação sobre o tema, atuando, principalmente, com crianças e jovens, para garantir a formação de uma sociedade mais consciente e fortalecer a importância intergeracional do tema.

Todo mundo ganha quando empresas e governos diminuem seus impactos ao neutralizarem suas emissões, mas podemos ganhar ainda mais enquanto sociedade se pensarmos em estratégias de incluir cada vez mais pessoas nesse debate sobre como construir um futuro onde o aumento da temperatura média global fique em até 1,5ºC.

Juliana Russar é presidente da diretoria da Plant-for-the-Planet no Brasil e diretora de operações do Youth Climate Leaders no Brasil.

Rafael Fernandes é vice-presidente da diretoria da Plant-for-the-Planet no Brasil, co-fundador do Clímax Brasil e Community Builder na ACE Cortex, construindo conexões de qualidade para transformar o Brasil por meio da inovação.

Publicado do Ucoa UOL

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