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Artigo

A importação de GNL

Adary Oliveira

29/08/2021 06h02

Foto: Divulgação

O gás natural (GN) encontrado na natureza é uma mistura de vários hidrocarbonetos com maior participação do metano. Além de seu uso como combustível na geração de calor, eletricidade e força automotriz é usado como matéria-prima na fabricação de vários produtos.

Na Bahia foi usado na manufatura de metanol, redutor de minério de ferro na siderurgia e atualmente é consumido na síntese de amônia e ureia.

O GN passou a ser consumido em larga escala em todo o mundo depois que se dominou a tecnologia de tê-lo como líquido – Gás Natural Liquefeito (GNL) – após ser comprimido e resfriado a uma temperatura de 162oC negativos. No estado líquido seu volume é reduzido em 600 vezes e ele pode ser transportado em tanques criogênicos de caminhões e navios.

O GN em estado gasoso é transportado através de dutos. Os mais famosos gasodutos são o transiberiano, que alimenta de GN toda a Europa e é responsável por cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) da Rússia; o que liga a Rússia à China, com mais de 3.000 km de extensão; e o que está sendo construído para abastecer a Alemanha.

No Brasil, além do Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol) que leva o GN de Santa Cruz de La Sierra até São Paulo, e de lá até Porto Alegre, existe uma interligação que vai de São Paulo a Fortaleza passando pelas capitais litorâneas que estão entre essas metrópoles.

GNL pode ser trazido em navios de qualquer parte do mundo e, após ser regaseificado, volta à forma de GN, passando a ser transportado em dutos para destinos os mais longínquos.

Os principais fornecedores de GNL estão nos Estados Unidos, Nigéria, Angola e Catar. Para fechar contrato com os consumidores eles estão sendo levados a instalarem navios regaseificadores próximos aos principais centros de transformação.

Para abastecimento das plantas de amônia e ureia arrendadas à Petrobras em Laranjeiras (SE) e Camaçari (BA), a Unigel assinou dois contratos de suprimento de GN. Um com a Petrobras, que se abastece na Bolívia e tem produção própria. Outro com a New Fortress Energy, sucessora da Golar Power, que regaseifica o GNL em seus terminais de Aracaju (SE) e Suape (PE), este em fase final de construção. Além do terminal de regaseificação de Suape, outros 10 estão com projetos em andamento (PA-1, AM-1, MA-2, ES-2, RJ-2, SP-1, SC-1) e outros quatro em fase preliminar de estudos (AM, MA, ES, PR).

O Terminal de Regaseificação da Bahia, instalado na Baía de Todos os Santos (BTS), próximo à Ilha dos Frades, foi a terceiro a ser construído no Brasil pela Petrobras e se junta a outros quatro em fase operacional (RJ-2, SE-1, CE-1). A Bahia, por estar localizada no meio da costa do Brasil, poderia aproveitar a vantagem estratégica e estudar alternativas locacionais capazes de atrair os fornecedores de GNL para transformá-la no gateway de GNL para o país.

Lugares como Ponta da Sapoca e Ponta do Ferrolho, na BTS, Porto de Campinhos, Porto Sul (projeto) e Porto de Ilhéus, todos dotados de cais que serviriam para atracamento de navio regaseificador e relativamente próximos da rede de gasodutos nacionais, deveriam ser estudados para essa finalidade e para serem mostrados aos fornecedores internacionais de GNL. O poder indutor do desenvolvimento e capacidade que tem de atrair novas indústrias, justificam tal iniciativa.

As jazidas de GN localizadas em Aratu, na Bahia, foram descobertas nos anos 1950 e por si só atraíram para a Região Metropolitana de Salvador fábricas de cimento, aço, metanol, amônia, ureia e metacrilato de metila. Ele é um grande aliado nosso e assim deve ser tratado.

Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.) – [email protected]

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